coldzera fala sobre nova geração de jogadores de CS: "Não estão acostumados com cobrança"

O bicampeão de Major recordou histórias de ambiente e relacionamento em seus antigos times

Foto: Enos Ku/ESL

Em sua stream, Marcelo "coldzera" David levantou um debate interessante sobre a postura da atual geração de jogadores brasileiros de Counter-Strike. Segundo ele, atualmente, está cada vez mais difícil de "criticar" os companheiros, porque eles acabam levando para um lado pessoal e isso interfere no ambiente dos times. Levando, inclusive, à saída de atletas das organizações.

Para exemplificar o seu ponto de vista, coldzera recordou alguns desentendimentos entre os jogadores da Luminosity e SK Gaming. O bicampeão de Major recordou que em determinado dia, Gabriel "FalleN" Toledo, Fernando "fer" Alvarenga e Epitácio "TACO" de Melo foram almoçar fora e quando voltaram, o clima estava tenso e, tudo por conta de uma zoeira.

Na história, FalleN teria derrubado shoyu em sua roupa e tentou limpar com Nabo, que segundo ele, tiraria a mancha do molho, o que não aconteceu e a marca na roupa acabou ficando ainda maior. Isso foi o suficiente para que TACO e fer ficassem no pé do verdadeiro e repetindo, a cada fala do atual capitão da FURIA era respondida com um "É Nabo" por um dos dois companheiros.

"Eles chegaram em um quebra-pau no office e quando a gente sentou para treinar, no primeiro "É Nabo" dito por um deles, o FalleN leventou, desligou o PC e não teve treino. Se isso acontece hoje, é papo de terminar o time. É papo de o cara falar que quer ir para o banco. O bagulho foi louco. Passou duas horas, o FalleN voltou e a gente continuou o treino. Vai fazer o quê? Tinha que treinar. No CS de hoje em dia, o time tinha acabado", relembrou coldzera.

Atualmente na RED Canids, o jogador falou que aprendeu muito em suas passagens por equipes pós-FaZe Clan a como se "comportar" diante dos problemas atuais nas equipes.

"Hoje em dia tem que ser muito mais mansinho com as paradas. A galera é mais nova e não estão acostumados com cobrança. Eu cobrava muito os moleques da Legacy e eles ficavam pá comigo. Depois que saí de lá, eu comecei a ser mais maleável. Eu vejo, deixo passar, porque se eu falar vai ser pior. Quer rushar, rusha. Não quer valorizar, não valoriza. Que se f$#%, eu não to nem aí mais", explicou.

Foto: Divulgação/CBCS

coldzera ainda completou destacando que, em muitos casos, ele vê uma jogada em que ele considera errada, e acaba optando por não cobrar os companheiros para evitar uma discussão. Ele também revelou que em determinados momentos algum companheiro é cobrado, discorda da cobrança, justificando que tinha feito a escolha correta, sendo que não estava.

"Já tive momentos em que vi algo errado, pensei em cobrar, mas já sabia que isso daria m###. Eu estou em um momento da carreira em que eu não falo mais nada. Passo os conselhos básicos, tento ser o mais profissional possível e é nisso que eu foco. De resto, eu não falo mais nada", afirmou.

Para fechar, cold falou que conhecer os seus companheiros de time facilita muito esse trabalho. Com Carlos "venomzera" Dias Junior, seu companheiro de bomb na RED Canids, por exemplo, ele afirma que tem mais liberdade para cobrar o jogador porque ele compreende a crítica e trabalha para melhorar. Assim como era quando ele companheiro de TACO, mas naquele tempo as cobranças eram um pouco mais "intensas".

"Tem que ser mais devagar com a galera de hoje. Se fosse antigamente e o TACO errasse algo no treino eu falaria "TACO, seu imbecil, para de pickar", e ele não pickaria nunca mais. E ao mesmo tempo ao contrário, se eu errasse ele falaria "Tá burro?", a gente se ofendia demais. Mas também melhorávamos muito rápido. Acho que como a gente se xingava muito, ficava na cabeça. Hoje, como é muito no docinho, a galera esquece", finalizou.