Caminho ao Major: Em momento de reconstrução, MIBR quer o Major para dar a volta por cima

Equipe passou por mudanças para chegar bem em Londres

por Guilherme 'Guiki' Cerdera / 01 de set de 2018 - 21:45
Seguindo nossa série Caminho ao Major vamos falar de uma equipe cheia de tradição e conquistas. Nessa série nós contamos um pouco da história de cada equipe que irá participar do FACEIT Major London 2018, não podendo deixar de fora a única equipe brasileira no evento, a MIBR.

Gabriel "FalleN" Toledo
Fernando "fer" Alvarenga
Marcelo "coldzera" David
Jacky "Stewie2K" Yip
Tarik "tarik" Celik

 Janko "YNk" Paunović (coach)

DO BRASIL PARA O MUNDO

MIBR fez história nos mundiais | Foto: HLTV


A MIBR marcou seu nome no CS internacional com um passado recheado de glórias e momentos históricos. O time montado pelo investidor Paulo Velloso conquistou primeiro o Brasil para em seguida dominar o mundo.

A organização brasileira eternizou nomes como Alexandre "gAuLeS" Borba, Lincoln "fnx" Lau, Renato "nak" Nakano e Raphael "cogu" Camargo, por meio de títulos internacionais em uma era de estrelas europeias. A MIBR foi a responsável por colocar o Brasil no mapa do CS com as vitórias em torneios da CPL, além de títulos no GameGune 2008, shgOpen 2007 e ESWC 2006.

A organização fechou suas atividades em 2012, logo após a transição das equipes do CS 1.6 para o CS:GO. O último time montado era composto por nomes que ainda estão no cenário como Pedro "Maluk3" Campos e Jean "mch" Michel, hoje jogadores da Team One, e Alan "adr" Riveros, que atua na INTZ.

Após um longo período inativa, a MIBR teria seu nome novamente nas manchetes quando, em conversa informal, Paulo Velloso revelou à Gaules uma negociação sobre os direitos da organização. O interesse na lendária "tag" era da Immortals, que administrada por Noah Winston, já havia demonstrado interesse em atuar ativamente no Brasil.


Depois de muito mistério e especulação a equipe escolhida para defender novamente a bandeira da MIBR havia sido decidida. Com direito a evento de anúncio em São Paulo, a line consolidada mundialmente e bicampeã de Major, até então chamada de SK, foi revelada como a escolhida pela Immortals para continuar o caminho de glórias pavimentado pelos antepassados.

OS MELHORES DO MUNDO

MIBR mantem núcleo da LG | Foto: HLTV


Como não possuia equipe antes de contratar a antiga SK Gaming, a história de conquistas da MIBR terá de ser contada a partir de seus integrantes, e não da organização. O time recrutado para a org lendária é resultado de um longo trabalho de aprimoramento ao longo de três anos.

Iniciando sua trajetória internacional como Kabum.td, passando por Keyd Stars, e chegando finalmente a Luminosity, a parceira formada por Gabriel "FalleN" Toledo e Fernando "fer" Alvarenga sempre foi a base da equipe. Já em 2015 Marcelo "coldzera" David chegaria na LG para completar o trio que está junto até hoje.

O time brasileiro já chamava a atenção por estar se consolidando entre os melhores do mundo, fato confirmado pelo status de legends adquiridos durante o ESL One Cologne 2015 e DreamHack Open Cluj-Napoca 2015, mas coroação internacional ainda estava por vir.

Mesmo com os resultados considerados positivos por todos a equipe resolveu mudar. O time decidiu substituir Lucas "steel" Lopes e Ricardo "boltz" Prass por Lincoln "fnx" Lau e Epitácio "TACO" de Melo. A equipe visivelmente havia alcançado um novo nível com as mudanças, e não demorou muito para chegar ao topo.

Ainda como Luminosity, os brasileiros chegaram a seu primeiro título internacional ao derrotar Natus Vincere no MLG Major Columbus 2016. Com vitórias no DreamHack Open Austin 2016 e ESL Pro League Finals S3, os brasileiros chamaram atenção de uma lendária organização alemã, a SK, e assim o time rapidamente trocaria de nome para conquistar o mundo de vez.

Como SK, brasileiros conquistam segundo Major seguido | Foto: ESL


A vitória no segundo Major consecutivo, fato repetido anteriormente apenas pela Fnatic, levaria o time ao topo do ranking mundial. A conquista colocou também Coldzera na posição de "melhor jogador de esports do ano" em 2016 na The Game Awards. O período dominante que a equipe teve foi responsável por consolidar milhares de fãs em todo o mundo. A SK era sinônimo de vitória, mas o restante do ano reservaria surpresas desagradáveis para a equipe.

PROBLEMAS INTERNOS E SECA DE TÍTULOS

Equipe enfrentaria problemas no resto do ano | Foto: Divulgação SK


O primeiro baque para o time veio logo após a conquista do segundo Major. O coach da equipe, Wilton "zews" Prado, anunciou que deixaria o time para voltar a ser jogador pela Immortals. A mudança depois se mostraria um erro para ambos os lados, mas zews voltaria a ter sucesso como coach da Team Liquid, cargo que ocupa até hoje.

Sem zews, o time não conseguiu mais chegar a nenhum título em 2017. Embora jogasse um CS de qualidade, chegando sempre entre os quatro melhores dos torneios, ficava nítido que pequenos erros causavam dificuldades no momento de decidir as partidas.

Para completar, problemas internos ficaram evidentes quando o time removeu fnx da equipe faltando apenas um mês para o ELEAGUE Major Atlanta 2017. O escolhido para o lugar de fnx foi anunciado após o Major e seria o jovem talento João "felps" Vasconcellos, que até então jogava pela equipe da Immortals. Felps chegaria a equipe para tentar dar fim ao jejum de títulos e levar o time novamente ao topo do mundo.

A SEGUNDA ERA

Com Felps, equipe construiu segunda era | Foto: ESL


A chegada de felps à SK causou um misto de sentimentos aos torcedores. Os primeiros torneios revelaram uma grande fragilidade na equipe, que passou a ser agressiva demais, causando uma onda de incertezas sobre a retirada de fnx. A eliminação na fase de grupos do Starseries Season 3 deixou o time ainda mais receoso sobre o futuro, mas logo a maré mudou e as vitórias começaram a chegar.

A SK parecia imbatível. A equipe acertou seus ponteiros e encaixou uma série incrível de conquistas, garantindo cinco títulos na temporada antes do PGL Major Kraków 2017, as conquistas foram: cs_summit 1, IEM Sydney, DreamHack Open Summer 2017, ECS S3 e ESL One Cologne 2017.

O resultado no PGL Major Kraków 2017 não foi o esperado, com o time caindo nas quartas de final para a poderosa Astralis. Embora a equipe tenha chegado novamente a posição de legends, a motivação de felps havia sido abalado após aquele Major.

Sem conseguir conquistar mais nenhum título, felps pediu para deixar o time perto do final do ano. A equipe chegaria ainda a mais três títulos ao final do ano usando um substituto emprestado da Immortals. Ricardo "boltz" Prass ocupou a vaga de felps e encaixou na equipe como uma luva. Junto do "boltalha" os brasileiros chegaram a vitórias no EPICENTER 2017, BLAST Pro Series Copenhagen 2017 e ESL Pro League Season 6.

RECONSTRUÇÃO INTERNACIONAL

Stewie começaria a reconstrução da SK | Foto: HLTV


Após um 2017 de glórias a equipe brasileira sofreu uma queda de rendimento nunca antes vista. Mesmo tendo ficado em terceiro/quarto lugar durante o ELEAGUE Major Boston 2018, perdendo para os campeões Cloud9, a equipe não encontrou novamente sua forma.

Questionados, Boltz e Taco se envolveram em rumores de saída para a entrada da dupla da Natus Vincere, Oleksandr "s1mple" Kostyliev e Egor "flamie" Vasilyev. O negócio não foi para frente, mas não seria por muito tempo. Taco decidiu, em consenso com o resto da equipe, que o melhor seria deixar a line, e logo encontrou nova casa na Liquid.

Para o lugar do querido entryfragger a equipe optou pelo nome internacional de Jacky "Stewie2K" Yip. O conjunto passou a apresentar alguns bons mapas, como no caso da Inferno, avaliada por nós nesse artigo especial, mas os grandes adversários eram sempre o problema. Mesmo tendo condições de jogar e conquistar torneios menores, como no caso do Adrenaline Cyber League 2018 e Moche XL Esports, o time sabia que para voltar ao topo precisaria de uma mudança drástica.

Tarik foi o escolhido para fechar a equipe para o Major | Foto: HLTV


Em mais uma mudança que contrariava as expectativas o núcleo formado por Fallen, fer e coldzera optaram por unir forças ao ex-companheiro de stewie na Cloud9, Tarik "tarik" Celik, colocando Boltz no banco de reservas. Tendo chegado em julho deste ano, já sob o nome de MIBR, tarik tentaria trazer a imagem de um super time internacional à equipe.

Até o momento, tarik disputou três torneios pelos brasileiros, conquistando um título no Zotac Cup Masters. O time foi eliminado recentemente pela Astralis no DreamHack Masters Stockholm, mas apresentou uma melhora que foi capaz de animar os brasileiros.

A chegada do coach Janko "YNk" Paunović também parece ter contribuido muito para o desenvolvimento dos jogadores. Sem um treinador desde que zews deixou a equipe em meados de 2016, os brasileiros parecem estar no caminho certo para voltar ao topo.

A EQUIPE

Foto: Divulgação/ZOTAC


A equipe da MIBR hoje possui cinco jogadores de qualidade impressionante. A começar pelo capitão Fallen, podemos destacar que o awper da equipe é um dos maiores na posição. Sua capacidade em ler o jogo, passar estratégias e ainda concentrar sua mira, é algo que mostra o tamanho de talento que tem.

Fallen é tido como o melhor awper para as situações de clutches em velocidade. Sua capacidade de movimentação e reposicionamento é o que o torna um dos melhores jogadores do mundo, com um rating de 1.12. O brasileiro já esteve duas vezes na lista de melhores do ano, segundo em 2016 e sexto em 2017, e acumula quatro medalhas de MVP. Na mais recente, Fallen guiou a equipe ao título da Zotac Masters, primeiro como MIBR.


A equipe segue sua formação com o sempre perigoso fer. O jogador que possui capacidade sem igual com os rifles já mostrou que pode ser um dos melhores do mundo, tendo recebido a premiação de décimo quinto melhor jogador em 2016, e terceiro melhor em 2017. Seu rating atualmente está em baixa, e ainda sim chega aos incríveis 1.13.

Fer é conhecido pela capacidade de rotacionar pelo mapa como CT buscando eliminações cruciais. Chamado de "deus do rush", o brasileiro utiliza seu senso de jogo além da média para entender quais jogadas os adversários escolherão fazer. Embora fer não esteja atualmente no seu ápice como jogador, sua capacidade de destruir os adversários deve ser sempre respeitada, principalmente em mapas como Mirage e Overpass.

Sendo o primeiro americano a se juntar a equipe, stewie2k é conhecido como um prodígio norte-americano. Sua habilidade e forma de jogar o levaram a ser contratado pela Cloud9 com apenas 17 anos. Stewie rapidamente se tornou a estrela da sua equipe e chegou a títulos que fizeram o time ser saudado como a melhor equipe estadunidense.

O americano joga de forma um pouco mais presa dentro da formação da MIBR, ancorando bombsites e fazendo posições que não contribuem tanto para seus números pessoais. Sua versatilidade é uma arma que pode ser utilizada em diversos momentos dos rounds, já que ele pode assumir a awp ou atuar com rifles de maneira quase igual.

A grande estrela do time, e melhor jogador do mundo em 2016 e 2017, é coldzera. Um jogador que dispensa apresentações, pois apenas o assistindo jogar é possível entender o tamanho da qualidade que ele possui. Chamado de "alienígena", cold é conhecido por ser muito competitivo e extremamente dedicado aos treinamentos.

Coldzera atualmente possui um rating de 1.21, e isso é considerado baixo para ele. Acostumado a ser o melhor em praticamente todos os aspectos do jogo, o brasileiro apresenta lances de outro mundo com qualquer tipo de arma, sendo capaz de vencer rounds de maneira solitária. O "homem de gelo" já recebeu incríveis oito medalhas de mvp de torneios, duas dela sendo de Majors, e está em busca de sua terceira.



Para fechar a line, o poderoso rifler Tarik dá a equipe a certeza de que este é um supertime. Conhecido por suas habilidades como um grande "vingador" durante sua passagem pela Cloud9, Tarik apresenta números muito interessantes.

Sua qualidade com a awp também não deve ser descartada, mas em um time com Fallen e Coldzera seria difícil vê-lo com a arma. Tendo sido eleito o mvp do último Major, Tarik tem em mapas como a Inferno um lugar aonde pode deixar sua marca para o time. Seu rating nos últimos três meses é de 1.10.

A equipe brasileira terá pela frente o seu maior desafio durante o Major, encontrar o map pool ideal. Banido desde 2016, a Nuke é um mapa que está completamente descartado para as competições de alto nível que a equipe frequenta.

Diante de tantos oponentes de qualidade, o time fortaleceu muito sua Inferno, como falado anteriormente, e Cache, mapa em que stewie2k se sente muito a vontade. Os números são pouco relevantes para este momento, mas a equipe parece confortável em jogar todos os mapas, menos Overpass, que há alguns meses não apresenta resultados positivos.

A expectativa para o Major é grande, pois depois de muito tempo o time poderá jogar com as peças que escolheu, mas o momento ainda parece ser de outras equipes. Navi, Astralis, Liquid e Faze aparecem na frente dos brasileiros como favoritos ao título, mas essa é uma realidade que apenas dentro do servidor poderemos confirmar. O time possui todas as ferramentas para chegar a um novo legends, e, quem sabe, colocar o nome da MIBR novamente no topo do mundo.

Capa: Foto HLTV com Arte Draft5
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