Caminho ao Major: Após 10 edições, compLexity volta a disputar o maior torneio do Counter Strike

Campeã do Minor terá desafio de repetir o passado de sucesso da organização

Seguindo nossa série sobre as equipes que participarão do FACEIT Major London 2018, torneio de Counter-Strike patrocinado pela Valve que premiará $1 milhão, trazemos a terceira equipe da série, a compLexity Gaming. COMPLEXITY GAMING Rory "dephh" Jackson Bradley "ANDROID" Fodor Jaccob "yay" Whiteaker Peter "stanislaw" Jarguz Shahzeeb "ShahZaM" Khan Ronald "Rambo" Kim UMA HISTÓRIA DE RESPEITO
Brasileiros da complexity | Foto: Divulgação
A história da compLexity teve capítulos interessantes nos primórdios do CS:GO, mas começou bem antes disso. A organização participa ativamente do cenário de counter-strike desde a época do 1.6, e ja teve em sua line com brasileiros como Gabriel "Fallen" Toledo e Lincoln "fnx" Lau. Os americanos já estiveram em posição de destaque, fosse durante o 1.6, vencendo o mundial ESWC 2005, fosse durante o CS Source, na conquista de todos os torneios disputados no ano de 2007. Vindo para o CS:GO, novamente o time montado conseguiu ser relevante internacionalmente, tendo participado dos dois primeiros Majors da categoria. Com nomes como Braxton "swag" Pierce e Jordan "n0thing" Gilbert, a equipe chegou a semifinal do DreamHack Winter 2013 e as quartas de final, no ano seguinte, em Katowice.

A forte equipe formada pela compLexity foi comprada pela Cloud9 em 2014, tomando assim sua vaga de legends no major seguinte. Após um hiato de quase um ano sem ter uma equipe, o time voltou a disputar torneios durante o ano de 2015, mas desde então não faz justiça a sua posição tradicional entre as equipes dos Estados Unidos. Tentando se reconstruir à partir de nomes não tão conhecidos, a compLexity saiu dos holofotes. O time trocou de jogadores diversas vezes e isso, é claro, apenas prejudicou a formação de uma equipe vencedora. A última alteração na line, entretanto, parece ter sido a luz no fim do túnel após anos de decepções. AS SURPRESAS DE 2018
Stanislaw virou um dos nomes fortes da col | Foto: Complexity
Depois de um início de ano batendo na trave em classificatórios online, a equipe da compLexity parecia ter mais um ano de esquecimento e exclusão de grandes torneios em lan pela frente. Esse cenário passou por uma reviravolta após as mudanças não planejadas no mês de abril. Durante um episódio que envolveu brigas públicas, trocas de acusações e provocações de ambos os lados, Peter "stanislaw" Jarguz e Shahzeeb "ShahZaM" Khan deixaram o projeto de equipe internacional da Optic, e se juntaram a compLexity. A mudança de ares foi positiva para os jogadores, já que na organização americana eles encontraram uma equipe com boa fundamentação de CS, mas ainda em falta de poder de fogo e estratégias. Nesse cenário, a awp de Shazam aliada a incrível liderança de stanislaw, colocaram a compLexity um degrau acima do observado anteriormente. O time passou a estar sempre entre as primeiras equipes nos classificatórios online, e embora não tenha participado de torneios com as melhores equipes do mundo, chegou a disputar lans menores, como no DreamHack Open Summer e no DreamHack Open Austin. Com duas eliminações na fase de grupos jogando nos grandes eventos, ainda parecia muito pouco para afirmar que a compLexity estava de volta. Veio então a grande oportunidade do ano para essa line, o Minor das Américas. Diante de oponentes como Rogue, FuriaDignitas, a equipe se mostrou forte e passou à fase de playoffs. Já nas quartas enfrentou a então favorita, e tantas vezes algoz deste time, NRG, conseguindo uma vitória improvável e seguindo firme na competição até chegar ao título diante da Rogue.

Após dez edições ficando fora, finalmente a compLexity estará de volta entre os melhores do mundo. Com o formato de vinte e quatro times, a equipe que chega a este torneio após grande resultado na fase preliminar do Major terá pela frente uma dura missão caso queira ter novamente o posto de legends. A EQUIPE A equipe montada para a disputa tem como característica a forte presença do awp em seus setups como contra terrorista, ao mesmo tempo que utiliza boa organização pelo mapa, criando um lado CT sempre complicado de ser batido.
Stanislaw, Shahzam, android, dephh e yay (atrás) | Imagem: Reprodução/Complexity
Enquanto jogadores como Rory "dephh" Jackson e stanislaw assumem posições mais suportivas, Jaccob "yay" Whiteaker e Bradley "ANDROID" Fodor possuem mais poder de fogo, e têm a missão de fazer eliminações que resultem em vitórias nos rounds. O awper da equipe é o americano Shazam, que seja utilizando a awp ou jogando com os rifles, traz ao time a qualidade de um jogador que já esteve ao lado dos grandes nomes do cenário norte americano e até do mundo, como foi na Misfits e na Optic. Com a liberdade para procurar eliminações no início do round, e posicionamentos seguros do meio para o fim, Shazam tem conquistado cada vez mais atenção dos adversários. Prova disso é seu desempenho recente , com um rating de 1.18 nos últimos três meses, com apenas 0.61 mortes por round, média conseguida por apenas 5% dos jogadores. Seu desempenho em clutches também tem ajudado muito a equipe em rounds decisivos, não sendo raro o ver fechando rounds da equipe mesmo estando em desvantagem.

Como terrorista a equipe irá apostar na leitura de jogo feita por stanislaw, que costuma ser metódico na forma de dispor as peças pelo mapa. O grande trunfo da equipe está na organização principalmente como CT. É do lado defensivo que o time conquista a maior parte de seus pontos, e configura sua vantagem nos mapas mais fortes. Os americanos não jogam Overpass, mapa que normalmente é bem visto por europeus, e tem na Mirage e Inferno suas preferências para disputas. Com um percentual de vitória maior que oitenta no mapa da Mirage, essa tem sido a "bola de segurança" do time. Ainda neste mapa, é possível observar que, como CT, a equipe vence 57% dos rounds disputados. Se possuem certeza de quais são suas forças, as fraquezas também ficam expostas na falta de versatilidade do time. Dos últimos noventa e quatro mapas jogados pelo time, cinquenta e quatro foram em Inferno ou Mirage, ou seja, mais da metade dos jogos foram nesses dois mapas.
Foto: DreamHack
Saber as forças de seu map pool é muito interessante, mas também é sabido que durante uma competição de alta dificuldade as equipes vão estudar ou até mesmo vetar seus mapas preferidos. Neste ponto, a compLexity pode ser derrotada pelo excesso de confiança em seus mapas de escolha, assim como vem acontecendo com a Mousesports na Mirage. Diante de tantos adversários de qualidade, falta na atual compLexity a experiência de vitórias passadas, e de ter estado mais vezes no chamado "big stage". Deve pesar contra a equipe o fato de ter jogado poucos torneios em lan no ano, além de tentar gerenciar o nervosismo de estar na maior competição de CS. Seria muito interessante para a manutenção da line alcançar a fase final da competição, ou seja, a expectativa da equipe deve estar em passar para a posição de challengers, eliminando assim a necessidade de competir em um Minor na próxima edição de Major. O FACEIT Major London 2018 se inicia no dia 5 de setembro com a fase dos Challengers e cobertura completa da Draft5.