As melhores no Brasil em 2023: (9) – Nadjila "poppins" Sanchez

Mesmo com apenas 17 anos de idade, Nadjila "poppins" Sanchez já é um dos maiores talentos produzidos pelo Brasil no Counter-Strike nos últimos anos. Sendo um dos pilares para a afirmação do elenco que defendeu B4 e Fluxo Demons ao longo de 2023, a jovem atleta crava mais uma aparição na lista de melhores jogadoras do país nesta temporada.

As 10 melhores no Brasil em 2023

Nascida em 29 de maio de 2006, em Santo André, no ABC Paulista, poppins teve o primeiro contanto com os jogos eletrônicos aos 8 anos de idade, quando começou a jogar Minecraft em um Macbook.

Anos mais tarde, a jovem promessa seria introduzida ao mundo do Counter-Strike pelo irmão mais velho. O gosto pelo jogo ganhou força em meio à pandemia, que levou poppins a aproveitar o tempo livre para se dedicar ao FPS da Valve e entrar de cabeça no mundo das lives.

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Embora poppins tenha precisado passar pela aprovação da família, não demorou para que ela recebesse um apoio verdadeiramente incondicional dos pais. A mãe, popularmente conhecida como Tia Jamile, é possivelmente sua maior fã. Já o pai foi responsável por comprar o computador utilizado pela jogadora, além de gostar de vê-la jogando por lembrar dos tempos de juventude.

Para saber mais dos primeiros anos de poppins como jogadora profissional, onde a jovem atleta defendeu equipes como SWS e w7m, confira o texto de 2022 sobre a atleta.

Depois de terminar 2022 em alta com a classificação à ESL Impact Katowice 2023, poppins foi à Polônia para jogar o segundo mundial da carreira junto da B4, alcançando as semifinais da competição de $100 mil.

De volta ao Brasil, algumas conquistas notáveis ainda nos primeiros meses do ano: uma dobradinha de Cash Cups, 1xChallenge, a primeira edição da Série Feminina da Gamers Club by Itaú e, mais uma vez, a classificação às finais da ESL Impact League.

No mundial, mais uma vez o sonho acabou ficando pelo caminho nas semifinais, com a algoz da vez sendo a hegemônica Nigma Galaxy. De todo modo, a experiência adquirida pesou no retorno ao Brasil. Já em agosto, viria a última conquista sob o estandarte da B4: a Gamers Club Masters Feminina VII, mais prestigiado torneio do cenário feminino sul-americano, onde a equipe deixou para trás a FURIA, exorcizando seus demônios e levando para casa o tão sonhado troféu.

A conquista, não por acaso, é apontada por poppins como o grande ponto alto do ano: "Olha, confesso que é difícil escolher só um momento. Recentemente ganhamos da Nigma Galaxy (em Valencia) e foi um momento extremamente especial, mas acho que o que realmente marcou para mim foi a primeira vez que ganhamos a Gamers Club Masters Feminina. Foi uma sensação que nem consigo explicar, mas que chorei de muita emoção", contou.

E por falar em demônios, foi em setembro que o elenco deixou a B4 para se juntar ao Fluxo, integrando assim o primeiro plantel feminino da história da organização: o Fluxo Demons.

De casa nova, a equipe ainda teve tempo de vencer mais uma Cash Cup e ficar com o bronze na Gamers Club Masters Feminina VIII, bem como na última Série Feminina do ano. Para reafirmar a força do time a nível doméstico, veio mais uma classificação bastante convincente às finais mundiais da ESL Impact League, disputadas em Valencia, ainda no início do mês. Para poppins, o último campeonato da temporada teve um significado mais do que especial:

"(O mais especial?) Foi esse último mundial que fomos para Valencia. Digo isso literalmente porque minha família estava lá e ter essa torcida, esse apoio bem de pertinho deles, foi muito prazeroso", celebrou a jovem.

Por mais que o Fluxo Demons tenha encerrado a temporada com mais um 3º/4º lugar no mundial, perdendo a semifinal para a NAVI Javelins e ficando à frente da própria FURIA, principal rival a nível doméstico, a jogadora de 17 anos acredita que as oponentes terminam o ano levando breve vantagem: "Pelos últimos campeonatos, eu diria a FURIA, mas acho que isso ainda não está definido porque ambos os times são muito fortes e equivalentes", opinou.

"Eu particularmente senti que fizemos um jogo apático (contra a NAVI), justo o que era mais importante. Então, fica como um aprendizado melhorarmos essa questão em time mesmo, e jogar o nosso como fizemos contra FlyQuest e Nigma, já que contra a NAVI foi totalmente diferente disso. Continuo muito orgulhosa porque fizemos história. A Nigma nunca tinha perdido essa MD1 que levava direto para a semifinal. Portanto, encerrar esse ano em 3º/4º lugar já foi um grande resultado. Agora, é focar para trazer esse mundial que tanto sonhamos", pontuou.

Além de ter sido MVP na conquista da primeira Série Feminina do ano, poppins ainda deixou seu nome entre as melhores na Gamers Club Masters VII, principal conquista da B4 na temporada, na quarta etapa regional da ESL Impact League, na BGS 2023 e também na Super Série Feminina da Gamers Club. Além disso, a joia do Fluxo foi EVP1 na 1x Challenge.

"Em 2022, eu fiquei uns meses sem jogar CS e fui escalada como a nona melhor jogadora do Brasil, então sinto que nesse ano de 2023, eu estava muito mais forte. Eu estava mais treinada e focada, mesmo sendo o ano que tive que também dar bastante atenção aos estudos, porque prestei vestibular. Meu individual com certeza melhorou e promete muito", analisou.

"Coletivamente, o ano foi espetacular! Principalmente nos dias que fizemos bootcamp. Meu ano coletivamente se desempenhou muito bem, aprendi muito com todos e eles sempre foram essenciais para mim em período escolar", contou a jovem atleta.

Ao todo, além do prêmio de MVP do primeiro campeonato de expressão da temporada, vencido pela B4, poppins ainda cravou seu nome na lista de melhores jogadoras de cinco outros torneios, sendo que, em três desses, sua equipe sagrou-se campeã, feitos estes que renderam 110 DRAFT5 Points, cálculo que leva em conta o individual das atletas.

poppins, aliás, por muito pouco não acerta a própria posição na listagem: "Difícil eu acertar, como eu fiquei em nono lugar ano passado, espero que minha evolução me leve para sétima ou oitava posição, mas só de estar entre as top 10 já faz uma grande diferença para mim. Fico extremamente grata porque mostra que continuo constante, isso significa muito e me faz nunca desistir, porque acredite, eu já quase desisti uma vez, mas voltei muito mais forte", celebrou.

Embora a ESL tenha recentemente anunciado a redução no número de vagas destinadas às Américas e à Ásia nas finais mundiais da ESL Impact League para 2024, poppins segue firme e com uma obsessão: trazer o tão sonhado título mundial para o Brasil: "Confesso que o cenário está bem abalado por terem reduzido as vagas para a América e Ásia. Entretanto, continuo com meus objetivos de trazer esse mundial e, quem sabe, entrar para o top 10 mundial", afirmou.

A jovem atleta, por sinal, acredita que para seguir reduzindo as diferenças entre os cenários misto e feminino, o próximo passo é dar mais visibilidade às mulheres: "Eu entrei no cenário feminino quando já estavam investindo cada vez mais, portanto ao longo desses três anos jogando profissionalmente, percebi que ainda falta muita coisa para que o cenário cresça, e acredito que a principal seja a visibilidade."

"Muitos campeonatos fizeram grandes investimentos em nós, ainda mais em 2023, foi surreal. Porém, para que isso seja mais 'igualitário' com o cenário masculino, faltam mais pessoas nos assistindo, por isso grandes streamers como o Gaules, por exemplo, são importantes para quebrarmos esse padrão", explicou.

Por fim, questionada acerca de um nome que pode ingressar na lista de melhores jogadoras do Brasil em 2024, poppins apontou Daniele "Dani" Cavallari, ex-DIVINA fem de apenas 16 anos, para tal posto: "Bom, vindo da minha experiência no cenário, muitas mirinhas jovens são promissoras. Eu listo a Dani, pois vi o jogo que ela fez contra MIBR. Essa jovem com certeza é uma promessa", pontuou.