Mesmo após um período sem entrar no server por conta do anúncio de aposentadoria do competitivo de Counter-Strike, Gabriela "gabs" Freindorfer voltou ao cenário competitivo como se nunca tivesse parado. Contratada pela FURIA em março de 2023, ela teve a missão de substituir Olga "Olga" Rodrigues e cumpriu com toda a expectativa.
"Quando veio a saída da Olga, as meninas tinham que jogar o Mundial e o André Akkari e o Jaime Pádua, donos da FURIA, me ligaram. Disseram para eu completar para as meninas. E eu há dois anos parada, disse: como assim completar para as meninas? Eles me explicaram tudo e aceitei. E aí eu joguei como complete mesmo e peguei vontade de novo de jogar. Me deu aquele tranco sabe? E aí eu pensei: acho que eu vou continuar. E aí eu continuei", declarou ao site da Red Bull, parceira da jogadora.
Ainda no Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), a atleta se juntou ao time feminino das panteras e apresentou um alto nível de desempenho. Com a FURIA em 2023, foram 17 competições disputadas e cinco títulos conquistados. Mesmo assim, o ano apresentou muitas dificuldades para a jogadora, individualmente, e para a equipe, coletivamente, já que além da saída de Olga, também houve a saída de Gabriela "bokor" Bokor.
"Acho que meu ano foi de muita correria. Voltei a jogar tendo que buscar o tempo perdido, me atualizar de como o CS:GO estava sendo jogado, metas, bombas, posições e o idealismo do jogo mesmo. Então foi de muito esforçado no começo e quando o CS2 voltou, foi o mesmo, porém para todo mundo. E coletivamente falando, foi o caos! Teve a saída da olga, a entrada de uma player aposentada (eu) crua no momento, depois a saída da bokor, e meses sem player até nos juntarmos com a Ana "annaEX" Brito. Foi o caos, foi bagunçado, mas conseguimos nos alinhar", avaliou.
As panteras levantaram o troféu da Gamers Club Liga Série Feminina: 2ª edição 2023 em maio, e depois em outubro dominou o cenário Sul-Americano. Conquistou a Brasil Game Show 2023, a Super Liga Feminina Gamers Club, a vaga ELS Impact League Season 4 pela seletiva SA e para fechar a Gamers Club Masters Feminina VIII.
A temporada da FURIA se encerrou no início de dezembro com a disputa da ESL Impact League Season 4. A equipe brasileira acabou sendo eliminada na fase de grupos do torneio e ficou com a premiação de $7 mil (cerca de R$ 34 mil).
"Maior dificuldade mesmo foi estudar o jogo três vezes mais. Eu tinha que entender como o jogo estava sendo jogado atualmente, anteriormente e como ele estava sendo inovado, afinal o jogo esta em constante mudança sempre, e quem muda junto, tem bons resultados. Acredito que meu esforço nisso me deu bons resultados individualmente, eu sempre penso que se posso fazer algo para somar para o time, eu vou fazer. Eu me doo muito pelo time e acho isso necessário. Afinal, é um time", revelou a jogadora em entrevista à DRAFT5.
Sua paixão pelos jogos vem da infância. Sua história com o Counter-Strike, por sinal, entrelaça-se com os caminhos que seguiu até hoje. Apresentada ao CS 1.5 por seu irmão mais velho, Gabs fez do clássico e soberano FPS um amor à primeira vista. Então, com oito anos, Gabriela rendeu-se aos encantos do simples, mas cativante jogo.
Hoje, aos 27 anos, a paulistana pode até não parecer uma veterana, mas a idade engana. Esbanjando experiência, a jogadora foi forjada no ambiente mais raiz possível para o CS: as icônicas lan-houses. Ela, aliás, relembra ser geralmente a única garota a perambular por tais territórios, costumeiramente dominados pelos meninos.
Durante boa parte de sua carreira, Gabs teve de se dividir entre o Counter-Strike e os estudos. Por mais que atualmente o cenário feminino seja forte - ao menos em terras brasileiras - onde é fomentado majoritariamente por iniciativas como as da Gamers Club - nem sempre foi assim. Não muito tempo atrás, até mesmo as melhores do país precisavam buscar meios para que em um futuro não tão distante pudessem viver de uma carreira verdadeiramente rentável.
gabs defendeu no início da sua carreira, ainda no CS 1.6 a semXorah e no CS:GO passou por ProGaming Esports, Brave e-Sports, Team Alientech, Bootkamp Gaming, Não Tem Como, Bar Sem Lona até que chegou a Vivo Keyd, no fim de 2018. Após o encerramento das operações da organização no Counter-Strike, no fim de 2019, gabs recebeu a oportunidade de se juntar à FURIA em 2019 e, desde então, defende as panteras.
Agora, em 2024, a atleta estará na terceira geração do game que escolheu para seguir sua carreira. O CS2 caiu no seu gosto e gabs revela que o fato de o jogo estar no início dá muitas possibilidades não só para ela e para FURIA de evoluírem, mas coloca todos as equipes em condições iguais de evolução.
"Pela primeira vez desde que voltei, sinto que estamos todos (os times e jogadores) na mesma página, no mesmo tempo, aprendendo ou pelo menos tendo acesso as mesmas informações. Só depende de nós mesmos. Tenho gostado do CS2, acho que tem muito a atualizar ainda para melhorar, mas eles estão fazendo isso, então é questão de tempo ficar redondo", projetou.
Eleita a quinta melhor jogadora do país em 2020 e a 10ª em 2021, a atleta sobe degraus e coloca seu nome na sexta colocação em 2023. O retorno após a parada de mais um ano e meio e o ótimo CS apresentado dentro do server, coroado pelos títulos e pelo MVP conquistado na etapa feminina da BGS Esports 2023, foram fundamentais para que ela se posicionasse novamente entre as 10 melhores jogadoras do país.
Além do destaque máximo na única LAN do ano, gabs ainda foi EVP1 da GC Masters VIII, além de também somar EVPs na segunda Série Feminina, Superliga Feminina e na seletiva para a Impact League S4. Tudo isso levou a jogadora a ter 124 D5 Points e 4 C Points.
A posição só não é melhor que a de 2020, quando ele ficou entre as cinco melhores jogadoras brasileiras de Counter-Strike. Na oportunidade, a atleta conquistou cinco EVP's durante a temporada. Visando a temporada de 2024, gabs promete um desempenho ainda melhor. Já que teve que aproveitar esse ano para compensar o período de game atrasado e ainda evoluir com o time durante muitas mudanças.
"Podem esperar uma jogadora com muita vontade de vencer. Muita vontade de evoluir individualmente e coletivamente. Quero ser uma jogadora melhor, vou fazer isso acontecer! Preciso treinar mais, jogar mais. Voltar ao ritmo, principalmente depois dessas férias merecidas. (Ser eleita a 6ª melhor jogadora desse ano) é uma honra, de verdade. Não me importa a colocação, me importa estar dentro do rank, afinal, eu acabei de voltar a jogar, e bom, eu voltei. Vocês vão me ver muito mais", finalizou.