As melhores no Brasil em 2022: (8) – Mariana "LyttleZ" Sabia

Jogadora foi o grande destaque e principal nome do MIBR em 2022

por Bruno Dal Ava / 03 de Jan de 2023 - 15:00 / Capa: DRAFT5

Nascida em Marília, no interior de São Paulo, no longínquo 9 de setembro de 2004, Mariana "LyttleZ" Sabia cravou seu nome para todo o cenário feminino nacional. Mostrou consistência e maturidade, mesmo com a pouca idade, e fez a dobradinha ao aparecer novamente nas melhores jogadoras do Brasil.

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Com o Counter-Strike percorrendo nas veias desde cedo, LyttleZ teve seu primeiro contato com o jogo quando tinha apenas cinco anos, influenciada pelos primos. Segundo a própria jogadora, os primos colocavam ela para jogar contra os bots, apenas para se divertir.

POR QUE LYTTLEZ?

Uma das maiores particularidades de todo jogador, casual ou profissional, de jogos online, é a escolha do seu nickname. Alguns optam por usar seu próprio nome ou sobrenome, outros recorrem a inspirações em personagens e filmes conhecidos, enquanto uma boa parte se desenvolve naturalmente sem grandes explicações. A escolha de LyttleZ resolveu mesclar algumas opções.

Segundo a própria jogadora, a ideia inicial não era bem essa. "No começo, seria Big-Z, por causa do personagem do filme 'Tá Dando Onda', mas eu comecei a ver em outros lugares, já tinha até na Twitch. Foi quando um primo meu sugeriu que eu trocasse para LyttleZ, por ser pequena e nova nesse mundo, eu gostei e ficou".

O PRIMERO CONTATO COM O COUNTER-STRIKE: GLOBAL OFFENSIVE

Um pouco mais velha, LyttleZ tinha rumado para outro estilo de jogos, preferindo jogar World of Warcraft e Dota 2. Entretanto, aos 12 anos, o irmão da jogadora pediu para que ela baixasse a última versão do Counter-Strike, que havia sido lançada recentemente, para que ela jogasse com ele.

Ganhando gosto pelo joguinho, LyttleZ viu tudo mudar quando parou de jogar com pouco fps em um notebook e conseguiu um computador. "Comecei a viciar, gostei muito do jogo. Vi que tinha o cenário feminino, que outras meninas jogavam. Me interessei e fui atrás, escalando as etapas".

Foto: Arquivo PessoalFoto: Arquivo Pessoal

Acreditando no seu potencial no que antes era um simples momento de diversão com seus amigos, LyttleZ começou a buscar oportunidades competitivas no Counter-Strike. No início, a jovem jogadora participou de dois mix, CoLD LadIeS e Nicetry!, disputando a Liga Aberta da Gamers Club, mas a primeira oportunidade profissional logo bateu na porta.

No início de 2020, a Submarino Stars anunciou sua line-up feminina, entre as contratadas, a jovem LyttleZ apareceu na equipe ao lado das experientes Patrícia "Misty" Alves e Mayara "may" Prado, onde garantiram um vice campeonato da Liga Feminina ainda no primeiro semestre, mas a organização encerrou sua atividade em apenas três meses.

Ainda no mesmo ano, LyttleZ integraria o elenco da Rebirth fem, em uma mescla de três jogadoras brasileiras e duas chilenas, chegando a disputar sua primeira GC Masters Feminina, algo intitulado pela própria jogadora como um verdadeiro "sonho". Apesar disso, duas derrotas para a FURIA e Severe deram fim ao sonho da equipe.

A VIRADA DE CHAVE

2021 chegou e junto com ele, o ano com as maiores oportunidades na carreira de LyttleZ até aquele momento. Representando as cores da Jaguares, após uma passagem relâmpago pela Severe, em que a organização não cumpriu com as cláusulas contratuais, a jovem jogadora e suas companheiras garantiram vaga na terceira edição da GC Masters Feminina.

Na competição, a jovem e suas companheiras fizeram história, superaram as favoritas FURIA e MIBR e se sagraram campeãs do torneio, com LyttleZ sendo eleita MVP do torneio. Pouco tempo depois, por problemas financeiros, a organização encerrou o vínculo com a equipe. Foi então, que junto de sua companheira de equipe, Luana "Arkynha" Archanjo, que a jogadora rumou ao MIBR.

A MONTANHA RUSSA VIVENCIADA EM 2022

Com o ótimo fim de temporada e a perspectiva de um 2022 ainda melhor, LyttleZ e sua equipe iniciaram a temporada com um duro choque de realidade. Ainda no primeiro semestre, a organização teve que se despedir de Bruna "Bizinha" Marvila, uma das maiores estrelas do cenário, e de Marcella "Cellax" Ferreira, que decidiram rumar ao VALORANT. Para preencher as lacunas, o MIBR contratou a dupla Julieta "khizha" Grillia e Beatriz "hera" Silva.

Inicialmente, toda a equipe havia cogitado conciliar os dois jogos, mas não foi possível e LyttleZ decidiu ficar no Counter-Strike. "Eu gosto mais de jogar CS (do que VALORANT) competitivamente, também já estou mais consolidada. Sabia que conseguiria ter mais oportunidades no CS. O VALORANT era algo muito incerto para mim e preferi voltar".

LyttleZ durante a Gamers Club Masters Feminina V | Foto: Lucas Spricigo/DRAFT5LyttleZ durante a Gamers Club Masters Feminina V | Foto: Lucas Spricigo/DRAFT5

Pouco tempo depois, com o elenco reformulado, a organização se via a uma partida de se classificar para a primeira edição da ESL Impact League. Apesar disso, a derrota sofrida contra a Black Dragons na grande final do classificatório sul-americano para o Major feminino, acabou com o sonho de LyttleZ e suas companheiras.

"Foi uma derrota dura, a gente estava treinando muito, se dedicando, mas ao mesmo tempo, a gente não tinha muito tempo junto, tinha acabado de voltar do VALORANT, não estávamos com muito tempo de line. Podíamos ganhar, mas as meninas da Black Dragons estavam mais preparadas e conseguiram jogar melhor que a gente", desabafou a AWPer.

Apostando em Josiane "josi" Izidorio para suprir a saída de Jessica "fly" Pellegrini, o MIBR obteve resultados imediatos com a alteração. A tão sonhada vingança contra a Black Dragons aconteceu, e em um verdadeiro roteiro hollywoodiano.

Disputando a vaga para a ESL Valência, o MIBR saiu atrás após perder seu próprio mapa de escolha. Entretanto, em uma Overpass de tirar o fôlego e com direito a seis overtimes, LyttleZ eliminou 68 oponentes para levar a partida ao terceiro mapa. No derradeiro confronto, a jovem brilhou novamente, finalizou a série com 1.41 de rating e colocou sua equipe na Espanha.

"Não senti a pressão, jogamos leves, a josi estava somente a dois dias com a gente. Por todos os fatores, a entrada recente da josi, o gostinho a mais por conta da última série e o bom desempenho em Valência, foi o nosso ponto mais alto no ano. Um dos melhores momentos, com certeza".

LyttleZ durante a GC Masters Feminina | Foto: Felipe Guerra/Gamers ClubLyttleZ durante a GC Masters Feminina | Foto: Felipe Guerra/Gamers Club

Em um segundo semestre melancólico, o MIBR amargou dois vice-campeonatos para suas maiores rivais. Na final do BGS Esports 2022, um sonoro 3-0 para a FURIA corou a pantera como campeã. Ainda sim, LyttleZ se despediu do torneio com mais um EVP em mãos.

No fim de novembro, a equipe voltou a ser derrotada pela Black Dragons em uma grande final, após perder por 2-0 na GIRLGAMER Esports Festival. Mesmo sem títulos no fim da temporada, LyttleZ foi coroada com mais um EVP para fechar o ano.

A 8° MELHOR DO BRASIL EM 2022

Durante a temporada, LyttleZ somou 61.5 DRAFT5 Points, que é o sistema que soma com pesos diferentes os destaques individuais nos torneios. Por não ter conquistado nenhum torneio de grande porte com sua equipe na temporada, a jogadora não somou pontos coletivos, o que diminuiu a chance da jovem de figurar entre as posições mais altas da lista.

Em um ano que se transformou em uma verdadeira montanha-russa para LyttleZ, a jovem afirma que aprendeu muito com as experiências. "Acho que 2022 foi um ano de altos e baixos, eu consegui evoluir muito como player e por muitas vezes performar bem, mas senti os baixos também na má fase. No geral, acredito que tenha sido um ano bom e de muita evolução e aprendizado"

Arte/DRAFT5Arte/DRAFT5

Mesmo sem MVPs durante a temporada, LyttleZ somou incríveis 10 EVPs, incluindo torneios de alto nível como GIRLGAMER Festival, GC Masters Feminina VI e BGS Esports 2022 Female. LyttleZ também garantiu EVP em três das quatro edições da Série Feminina da Gamers Club e na Aorus Season 1. Com os resultados, a jogadora aparece pelo segundo ano consecutivo entre as dez melhores jogadoras do Brasil.

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