Nascida em Marília, no interior de São Paulo, no longínquo 9 de setembro de 2004, Mariana "LyttleZ" Sabia cravou seu nome para todo o cenário feminino nacional. Mostrou consistência e maturidade, mesmo com a pouca idade, e fez a dobradinha ao aparecer novamente nas melhores jogadoras do Brasil.
Com o Counter-Strike percorrendo nas veias desde cedo, LyttleZ teve seu primeiro contato com o jogo quando tinha apenas cinco anos, influenciada pelos primos. Segundo a própria jogadora, os primos colocavam ela para jogar contra os bots, apenas para se divertir.
Uma das maiores particularidades de todo jogador, casual ou profissional, de jogos online, é a escolha do seu nickname. Alguns optam por usar seu próprio nome ou sobrenome, outros recorrem a inspirações em personagens e filmes conhecidos, enquanto uma boa parte se desenvolve naturalmente sem grandes explicações. A escolha de LyttleZ resolveu mesclar algumas opções.
Segundo a própria jogadora, a ideia inicial não era bem essa. "No começo, seria Big-Z, por causa do personagem do filme 'Tá Dando Onda', mas eu comecei a ver em outros lugares, já tinha até na Twitch. Foi quando um primo meu sugeriu que eu trocasse para LyttleZ, por ser pequena e nova nesse mundo, eu gostei e ficou".
Um pouco mais velha, LyttleZ tinha rumado para outro estilo de jogos, preferindo jogar World of Warcraft e Dota 2. Entretanto, aos 12 anos, o irmão da jogadora pediu para que ela baixasse a última versão do Counter-Strike, que havia sido lançada recentemente, para que ela jogasse com ele.
Ganhando gosto pelo joguinho, LyttleZ viu tudo mudar quando parou de jogar com pouco fps em um notebook e conseguiu um computador. "Comecei a viciar, gostei muito do jogo. Vi que tinha o cenário feminino, que outras meninas jogavam. Me interessei e fui atrás, escalando as etapas".
Acreditando no seu potencial no que antes era um simples momento de diversão com seus amigos, LyttleZ começou a buscar oportunidades competitivas no Counter-Strike. No início, a jovem jogadora participou de dois mix, CoLD LadIeS e Nicetry!, disputando a Liga Aberta da Gamers Club, mas a primeira oportunidade profissional logo bateu na porta.
No início de 2020, a Submarino Stars anunciou sua line-up feminina, entre as contratadas, a jovem LyttleZ apareceu na equipe ao lado das experientes Patrícia "Misty" Alves e Mayara "may" Prado, onde garantiram um vice campeonato da Liga Feminina ainda no primeiro semestre, mas a organização encerrou sua atividade em apenas três meses.
Ainda no mesmo ano, LyttleZ integraria o elenco da Rebirth fem, em uma mescla de três jogadoras brasileiras e duas chilenas, chegando a disputar sua primeira GC Masters Feminina, algo intitulado pela própria jogadora como um verdadeiro "sonho". Apesar disso, duas derrotas para a FURIA e Severe deram fim ao sonho da equipe.
2021 chegou e junto com ele, o ano com as maiores oportunidades na carreira de LyttleZ até aquele momento. Representando as cores da Jaguares, após uma passagem relâmpago pela Severe, em que a organização não cumpriu com as cláusulas contratuais, a jovem jogadora e suas companheiras garantiram vaga na terceira edição da GC Masters Feminina.
Na competição, a jovem e suas companheiras fizeram história, superaram as favoritas FURIA e MIBR e se sagraram campeãs do torneio, com LyttleZ sendo eleita MVP do torneio. Pouco tempo depois, por problemas financeiros, a organização encerrou o vínculo com a equipe. Foi então, que junto de sua companheira de equipe, Luana "Arkynha" Archanjo, que a jogadora rumou ao MIBR.
Com o ótimo fim de temporada e a perspectiva de um 2022 ainda melhor, LyttleZ e sua equipe iniciaram a temporada com um duro choque de realidade. Ainda no primeiro semestre, a organização teve que se despedir de Bruna "Bizinha" Marvila, uma das maiores estrelas do cenário, e de Marcella "Cellax" Ferreira, que decidiram rumar ao VALORANT. Para preencher as lacunas, o MIBR contratou a dupla Julieta "khizha" Grillia e Beatriz "hera" Silva.
Inicialmente, toda a equipe havia cogitado conciliar os dois jogos, mas não foi possível e LyttleZ decidiu ficar no Counter-Strike. "Eu gosto mais de jogar CS (do que VALORANT) competitivamente, também já estou mais consolidada. Sabia que conseguiria ter mais oportunidades no CS. O VALORANT era algo muito incerto para mim e preferi voltar".
Pouco tempo depois, com o elenco reformulado, a organização se via a uma partida de se classificar para a primeira edição da ESL Impact League. Apesar disso, a derrota sofrida contra a Black Dragons na grande final do classificatório sul-americano para o Major feminino, acabou com o sonho de LyttleZ e suas companheiras.
"Foi uma derrota dura, a gente estava treinando muito, se dedicando, mas ao mesmo tempo, a gente não tinha muito tempo junto, tinha acabado de voltar do VALORANT, não estávamos com muito tempo de line. Podíamos ganhar, mas as meninas da Black Dragons estavam mais preparadas e conseguiram jogar melhor que a gente", desabafou a AWPer.
Apostando em Josiane "josi" Izidorio para suprir a saída de Jessica "fly" Pellegrini, o MIBR obteve resultados imediatos com a alteração. A tão sonhada vingança contra a Black Dragons aconteceu, e em um verdadeiro roteiro hollywoodiano.
Disputando a vaga para a ESL Valência, o MIBR saiu atrás após perder seu próprio mapa de escolha. Entretanto, em uma Overpass de tirar o fôlego e com direito a seis overtimes, LyttleZ eliminou 68 oponentes para levar a partida ao terceiro mapa. No derradeiro confronto, a jovem brilhou novamente, finalizou a série com 1.41 de rating e colocou sua equipe na Espanha.
"Não senti a pressão, jogamos leves, a josi estava somente a dois dias com a gente. Por todos os fatores, a entrada recente da josi, o gostinho a mais por conta da última série e o bom desempenho em Valência, foi o nosso ponto mais alto no ano. Um dos melhores momentos, com certeza".
Em um segundo semestre melancólico, o MIBR amargou dois vice-campeonatos para suas maiores rivais. Na final do BGS Esports 2022, um sonoro 3-0 para a FURIA corou a pantera como campeã. Ainda sim, LyttleZ se despediu do torneio com mais um EVP em mãos.
No fim de novembro, a equipe voltou a ser derrotada pela Black Dragons em uma grande final, após perder por 2-0 na GIRLGAMER Esports Festival. Mesmo sem títulos no fim da temporada, LyttleZ foi coroada com mais um EVP para fechar o ano.
Durante a temporada, LyttleZ somou 61.5 DRAFT5 Points, que é o sistema que soma com pesos diferentes os destaques individuais nos torneios. Por não ter conquistado nenhum torneio de grande porte com sua equipe na temporada, a jogadora não somou pontos coletivos, o que diminuiu a chance da jovem de figurar entre as posições mais altas da lista.
Em um ano que se transformou em uma verdadeira montanha-russa para LyttleZ, a jovem afirma que aprendeu muito com as experiências. "Acho que 2022 foi um ano de altos e baixos, eu consegui evoluir muito como player e por muitas vezes performar bem, mas senti os baixos também na má fase. No geral, acredito que tenha sido um ano bom e de muita evolução e aprendizado"
Mesmo sem MVPs durante a temporada, LyttleZ somou incríveis 10 EVPs, incluindo torneios de alto nível como GIRLGAMER Festival, GC Masters Feminina VI e BGS Esports 2022 Female. LyttleZ também garantiu EVP em três das quatro edições da Série Feminina da Gamers Club e na Aorus Season 1. Com os resultados, a jogadora aparece pelo segundo ano consecutivo entre as dez melhores jogadoras do Brasil.