Mesmo com apenas 19 anos de idade, Bruna "Babs" Nycoly já é inquestionavelmente um dos maiores nomes do Brasil no Counter-Strike feminino, tendo vivido um 2022 de ascensão, somando honrarias coletivas e individuais em um cenário cada dia mais competitivo e, não por acaso, consolidando-se assim como a sexta melhor jogadora do país na última temporada.
Nascida no longínquo dia 14 de maio de 2003 em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, Babs recobra que sempre teve intimidade com os jogos de FPS, tais como Point Blank e Combat Arms. O primeiro contato com o Counter-Strike, por óbvio, seria inevitável.
"Eu comecei a me interessar pelo jogo, ver jogos, ver pessoas jogando e tudo mais, até que eu resolvi comprar e comecei a jogar. Amei jogar e foi daí que comecei, vendo pessoas jogar pelo YouTube", explicou a atleta.
O CS:GO, no entanto, não seria até segunda ordem nada além de uma brincadeira que tomava o tempo vago de uma menina que define a si própria como muito estudiosa. Babs, apesar disso, só precisou ter a oportunidade de competir para decidir que era aquilo que queria da vida:
"Nunca pensei que poderia viver jogando, nunca cogitei nada do tipo. (…) Eu era muito conhecida no cenário como PUGzeira, até que surgiu uma oportunidade. (…) O Eudinho, da Furnace, me chamou para completar em um campeonato e eu curti para c###### jogar competitivo, tanto é que me destaquei nas partidas que completei. Depois de alguns meses completando para times como AKV e Furnace, eu comecei a jogar pela W7M. Foi meu primeiro trabalho com contrato, meu primeiro time", contou.
"Meu primeiro campeonato, que eu me lembre, foi um tal de BSGirls. Não era muito conhecido nem na Gamers Club. Era um torneio super pequeno. Depois joguei a Girl Storm. Um campeonato grande que passamos na seletiva foi a GRRRLS League, que foi na GC. O único campeonato que foi um grande destaque no começo, para mim, foi a GRLLLS League", relembra.
Mesmo após um 2021 bastante promissor, Babs terminou o ano na reserva da W7M. 2022 então se iniciou com uma curta passagem pela Stars Horizon, a qual não vingaria. Seu talento, contudo, logo lhe conferiria outra grande oportunidade. Embora não existisse inicialmente o aporte de um clube, Babs rumou à Quem São Elas, equipe liderada por Letícia "Le^" Lima para continuar sua meteórica ascensão.
"No começo do ano não consegui me empenhar muito bem. Na Stars Horizon jogamos poucos campeonatos. Foi um começo de ano bem parado até a chegada da ESL Impact", disse.
Com o surgimento do circuito ESL Impact e um cenário cada vez mais globalizado, o CS:GO feminino que via-se constantemente ameaçado pela migração de suas grandes estrelas ao concorrente VALORANT voltou a ganhar força:
"A ESL abriu muitas portas para nós. Trouxe o que pode ser considerado primeiro mundial feminino, trouxe mais competitividade, mais força para o cenário e mais investimentos. O CS:GO feminino cresceu demais", contou.
É bem verdade que o início sob o nome da Quem São Elas não foi dos mais suaves, com a equipe sofrendo até mesmo em nível doméstico. Babs, apesar disso, sempre foi a grande estrela da formação brasileira e, por consequência, os resultado começaram a vir.
De boas campanhas nas Cash Cups sul-americanas a um bronze na segunda edição da Liga Feminina da Gamers Club, a Quem São Elas tornou-se uma das principais forças do cenário feminino da América do Sul e Babs era o grande pilar dessa fundação.
Com o antigo elenco da Black Dragons indo para a rival B4, não demorou para o clube brasileiro ver no plantel encabeçado por Babs a chance de dar continuidade a sua tradição no CS:GO feminino:
"Estávamos com o projeto da Quem São Elas até que conseguimos fechar com a Black Dragons. Foi aí que conheci uma organização belíssima, que preza muito pelo Counter-Strike, pelo cenário feminino como um todo. É um clube que dá muita estrutura e acolhe bem a gente. Entrar na Black Dragons muito importante para a minha carreira. Além de ter uma tradição, é uma organização que realmente cuida dos jogadores e fornece tudo que está ao alcance deles. Pretendo continuar aqui por muito tempo", enalteceu Babs.
Foi na Black Dragons que Babs e suas companheiras viveram a melhor fase na temporada, emplacando um quarto trimestre de luxo com o título da quarta edição da Liga Feminina da Gamers Club, vice no MEG 2022 e, por fim, classificação ao GIRLGAMER Esports Festival 2022, torneio que será realizado em terras estrangeiras. Não por acaso, tal feito rendeu a Babs uma marca positiva:
"O momento mais marcante de 2022 para mim foi quando nós da Black Dragons conseguimos a vaga para o mundial ganhando do MIBR na final da GIRLGAMER, classificando para o primeiro mundial fora do Brasil. Foi muito marcante para mim e para todas as meninas, tanto é que fizemos uma tatuagem para marcar esse momento", destacou.
O título na Liga Feminina, ademais, também teve um gostinho especial: "Um campeonato que representou algo a mais para mim, além da GIRLGAMER, foi a Liga Feminina, porque vínhamos em uma fase ruim, fizemos algumas trocas no elenco, então ganhamos a Liga Feminina e conseguimos a vaga direta na Gamers Club Masters. Eu sempre via o pessoal com a medalha de campeã da Liga Feminina e eu queria muito conquistar isso", ponderou.
Além de ter sido o campeonato mais marcante para Babs em 2022, a GIRLGAMER Esports Festival 2022: São Paulo foi também onde a atleta coroou uma temporada de enorme ascensão, angariando seu MVP de maior calibre no ano.
"Quando eu entrei para a Black Dragons, até quando estava no projeto da Quem São Elas, eu consegui me destacar muito bem. Do meio do ano para frente, consegui desempenhar o que eu queria. Dei meu máximo, mas sei que posso desempenhar muito melhor. 2023 promete. Quero ter um individual muito melhor e constante", garantiu.
"Coletivamente, foi o ano em que eu aprendi a jogar pelo time, jogar junto, me comportar melhor nas partidas em time. Foi um quesito que evoluí muito nesse ano. Meu time está se empenhando demais coletivamente", contou.
Além dos quatro prêmios de MVP, Babs ainda contabilizou sonoras nove aparições entre as melhores jogadoras de algumas das principais competições do cenário ao longo do ano, feitos esses que lhe conferiram 73.4 DRAFT5 Points, cálculo que leva em conta o individual das atletas.
Esse algoritmo, por fim, é somado aos C Points, que leva em conta as listagens em triunfos coletivos e, dada a boa temporada da Black Dragons, Babs vê-se assim na sexta posição da listagem logo em seu primeiro ano competindo no mais alto nível do cenário feminino brasileiro.
Com uma ascensão verdadeiramente meteórica ao longo de 2022, Babs já sonha alto para a próxima temporada, seja no individual ou no coletivo. Uma das meta, por óbvio, é se postar ainda melhor na listagem:
"Estou com as expectativas lá em cima para 2023. Individualmente, vou me comprometer a melhorar 200%. Sei que consigo e que posso chegar lá. Quero chegar pelo menos entre as cinco melhores jogadoras de 2023, é uma meta minha. Como time, a Black Dragons chega muito bem para o próximo ano. É um elenco que vem em uma crescente enorme. Minhas expectativas estão altíssimas", assegurou.
Babs, por fim, mostra que a precisão não se restringe somente ao servidor. Quando questionada sobre qual posição acharia de ficar na lista, a jogadora acerta em cheio: "Eu devo ficar top 6. Chutaria um 6 se fosse. Me destaquei muito bem, então acho que eu ficaria top 6", cravou.