As melhores no Brasil em 2022: (3) – Karina "kaah" Takahashi

Atleta aparece entre as três melhores do Brasil pelo terceiro ano consecutivo

Foto: Arte/DRAFT5

Poucas jogadoras talvez possam se gabar de construírem uma carreira tão sólida e consistente como a de Karina "kaah" Takahashi no âmbito do cenário feminino brasileiro. Cravando seu nome dentre as três melhores do país pelo terceiro ano consecutivo, kaah é a primeira atleta a integrar o pódio nesta temporada, levando assim o bronze.

PAIXÃO DE INFÂNCIA

Nascida em um longínquo dia 22 de outubro de 1995, em São Paulo, kaah desde muito cedo demonstra intimidade com o Counter-Strike, jogo apresentado pelo pai, Helio, que lhe deu a primeira conta na Steam com o emblemático 1.6. Ele, inclusive, se dava ao luxo de passar algumas horas jogando junto da filha.

Apesar disso, foi só no Counter-Strike: Global Offensive que o hobby ganhou tons mais sérios e kaah, por consequência, formou um time junto de algumas amigas ainda por volta de 2013. Naquele tempo, no entanto, viver do FPS da Valve não parecia ser uma opção e a jogadora precisou tomar a dura decisão de deixar a carreira de lado - ao menos momentaneamente - para dar tudo de si na vida acadêmica, onde curiosamente se formou em Tecnologia em Produção de Música Eletrônica.

kaah vestindo as cores da Vivo Keyd | Foto: Divulgação/GAMEXP

Foi somente em 2017 que kaah pôde redescobrir seu amor pelo jogo, passando a competir junto da NumberSix e tornando-se presença constante em alguns dos principais campeonatos do cenário feminino brasileiro. Seu talento acabaria chamando a atenção da Bootkamp Gaming, àquela altura uma das grandes forças do Brasil no CS:GO feminino. Por lá, kaah passaria cerca de nove meses, com o clube posteriormente encerrando as atividades.

Mesmo sem o aporte de uma organização nos meses que sucederam, a AWPer e suas companheiras acabaram chamando a atenção da Vivo Keyd, uma das mais tradicionais do cenário, sendo assim contratadas pelo clube em dezembro de 2018.

Ao todo, foram cerca de dois anos defendendo as cores da organização, período no qual kaah teve como maior destaque o título da Brasil Game Cup Female 2019, mas acabou sendo ofuscada pela hegemônica paiN Gaming de Juliana "showliana" Maransaldi e companhia, time que dominou o cenário feminino por anos.

A FURIOSA KAAH

Já no início de 2020, a Vivo Keyd decidiu abandonar o cenário feminino de CS:GO, deixando kaah e suas companheiras novamente em busca de uma nova casa. Surgia ali a oportunidade perfeita para a FURIA, um dos mais badalados clubes do Brasil desde aquele tempo, investir na modalidade. A equipe, no entanto, fez muito mais do que isso.

kaah em seu primeiro ano junto à FURIA | Foto: Gui Caielli/FURIA

Com um elenco recheado de craques, não demorou para que as furiosas, embaladas por brilhantes exibições de kaah, tomassem controle do cenário feminino brasileiro, com a equipe somando seis títulos em nove disputados naquela temporada. Foi justamente em 2020 que kaah cravou sua primeira aparição entre as melhores jogadoras do Brasil, ficando com a terceira posição na listagem.

2021 foi ainda mais intenso para kaah e sua FURIA. Empilhando troféus em mais uma brilhante temporada, a jogadora consolidou-se como principal estrela da formação brasileira e foi recompensada com o prêmio de melhor do Brasil na temporada.

NO NOVO NORMAL, TUDO IGUAL

Já em 2022, ano em que muito se falou do "novo normal", tudo igual para kaah e companhia. Imbatível, a FURIA começou o ano voando, conquistando diversas Cash Cups, bem como o Bomb A da BGS Esports 2022 e a primeira edição da Liga Feminina da Gamers Club antes de ir representar o Brasil em solo estrangeiro, na ESL Impact League S1 Finals. Tal campeonato, por sinal, teve um gostinho especial para as meninas furiosas:

"A ESL Impact foi importante para o CS:GO feminino continuar vivendo. Essa iniciativa fez com que o nosso sonho fosse revivido e a gente pôde ter esperança de novo", explicou.

"O momento mais especial de 2022 foi o campeonato da ESL Impact em Dallas. Nosso primeiro mundial e o primeiro de todas nós, com exceção da GaBi. Fizemos história. Estávamos nervosas e não sabíamos como iria ser o nosso jogo contra os times mais fortes de cada região, então foi muito bom saber que estávamos fortes não só no Brasil", contou.

FURIA foi por três vezes vice-campeã do mundo em 2022 | Foto: Stephanie Lindgren/ESL

É bem verdade que o título de nível mundial acabou ficando de fora da prateleira da FURIA, que foi vice-campeã nas duas finais da ESL Impact League que disputou, bem como na ESL Impact Valencia 2022, mas nada disso apaga mais um brilhante ano da equipe em solo tupiniquim, onde a equipe ainda conquistou a Gamers Club Masters Feminina V, a BGS Esports 2022 e a terceira edição da Série Feminina da Gamers Club.

"O ano, coletivamente falando, foi maravilhoso. Chegamos a três finais de mundiais e conquistamos praticamente tudo no Brasil, estou muito ansiosa e animada para 2023", completou.

A TERCEIRA MELHOR JOGADORA DO BRASIL EM 2022

Diferente de 2021, quando foi nome absoluto da FURIA, kaah viveu uma situação diferente em 2022, dividindo o estrelato com as companheiras de equipe, mas nem por isso deixando de render em níveis estupendos.

Ela, apesar disso, fala com modéstia em relação ao desempenho na temporada: "Individualmente, não avalio meu ano como bom, foi a pior performance que já tive em muito tempo, mas o meu time sempre confiou muito em mim e me levantou durante meus momentos difíceis", afirmou.

As honrarias individuais recebidas por kaah em 2022 | Foto: Arte/DRAFT5

E por mais que kaah não reconheça tudo o que conquistou individual e coletivamente ao longo do ano, não é difícil de compreender os motivos que lhe fizeram ser a terceira melhor jogadora no Brasil ao longo de 2022, a começar pelos três prêmios de MVP, sendo dois nas Séries Femininas chanceladas pela Gamers Club, torneios que contam com a presença das principais equipes da região.

Ademais, uma listagem como EVP1 e outras oito como EVP2, feitos que lhe conferiram estrondosos 88.9 DRAFT5 Points e que, aliados aos 11 C Points, que contabilizam listagens em conquistas coletivas, isto é, ser campeã e aparecer como MVP ou EVP.

E para o novo ano que se inicia, kaah não quer ver a FURIA batendo na trave outra vez: "As expectativas de 2023 são todas positivas, quero melhorar meu individual e conquistar pelo menos um título mundial", cravou. A jogadora, por fim, deixa a vaidade de lado para dizer: "Acho que fico no top 5".