Quem é rainha nunca perde a majestade. Uma das jogadoras mais antigas e consagradas no cenário feminino de Counter-Strike: Global Offensive, Jessica "fly" Pellegrini apareceu na lista das Melhores no Brasil, elaborada pela DRAFT5, pelo segundo ano consecutivo. Jogadora da Last Name e Severe Ladies na temporada de 2020, a jogadora defendeu o MIBR no decorrer do último ano do cenário profissional.
Paulista, ela chegou até o Counter-Strike: Global Offensive graças ao pai. Na época, o policial utilizava o FPS da Valve como forma de distração depois de um dia estressante de trabalho. Em um Counter-Strike 1.6 bem diferente do atual, ela tinha apenas 14 anos quando começou a ter a primeira experiência no jogo que já conta com aproximadamente duas décadas de história.
"Vi que tinham meninas que jogavam e me aventurei em entrar em um time no 1.6. Logo depois, migrei para o Counter-Strike: Global Offensive. Um ano depois, disputei o primeiro mundial no Canadá com a Santos Dexterity. Após algumas mudanças no time, disputei o segundo mundial em Paris", disse a jogadora que já passou por poucas e boas com o jogo.
O torneio em questão citado por fly aconteceu na ESWC 2015, onde o time recebeu o convite para participar da disputa e acabou com uma vitória em três partidas disputadas, caindo ainda na fase de grupos. Sem se deixar abater por esse e por outros resultados que acabaram não vindo, a jogadora utilizou toda a determinação que possui para conseguir alçar voos mais altos.
Para isso, precisou abrir mão de qualquer outra chance de disputar uma outra modalidade, se dedicando exclusivamente ao Counter-Strike. Se definindo como perfeccionista, ela faz disso o fogo necessário para conseguir se doar 100% para o único jogo que está presente no momento.
Isso tudo fez com que ela tivesse passagens que ficaram marcadas por equipes como a INTZ, Remo Brave, Revoltz Female, além das próprias Severe, Last Name e MIBR. Como a maioria das mulheres que optam por fazer do Counter-Strike uma forma de vida, fly encontrou barreiras no decorrer da carreira, que não deixou com que elas impedissem que ela seguisse em frente.
"A minha dificuldade nunca foi uma pedra no caminho. Qualquer lugar você vai passar por isso só por ser mulher. Então, eu sempre levei isso como filosofia, e quando falavam algo maldoso, eu levava como um desafio para chegar até onde eu queria. Em outras palavras, eu me dedicava para jogar melhor do que aquela pessoa que estava me ofendendo", disse.
E fly conseguiu. Liga Feminina Gamers Club, GIRLGAMER Esports Festival e Grrrls League são apenas alguns dos títulos conquistadas pela jogadora do MIBR. Agora, alguns anos depois desde o início da carreira, a atleta vê um cenário profissional muito mais desenvolvido do que aquele que encontrou quando demonstrou o primeiro desejo de se tornar profissional.
Nesta temporada, por exemplo, esteve presente em quase tantos torneios quanto disputou em 2014, 2015 e 2016 somados. Entretanto, fly não foi apenas uma participante qualquer das competições, conseguindo somar bons números e sendo uma das melhores desta temporada mesmo em um ano dominado, mais uma vez, pela FURIA. Entretanto, um dos maiores triunfos da jogadora se deu em fazer parte da retomada do projeto do MIBR fem.
"Quando recebi o invite para o MIBR eu fiquei meio desacreditada que tinha conseguido, finalmente. As expectativas eram muito altas. Era muito hype e sensação de dever cumprido. Quando a temporada começou, aconteceu um nervosismo, existe uma pressão por trás da camisa, mas existe orgulho também".
Apesar de amargar quatro vice-colocações neste ano, fly parece não ter se deixado abalar pelos quase que enfrentou. Ao contrário do que muitos poderiam pensar, ela não acredita que isso seja um feito para ser esquecido, exaltando o lado positivo de chegar em decisões dos principais torneios do Brasil
"Em resumo, acho que a temporada foi boa. Dei o meu melhor em todos os campeonatos e, apesar de ter ficado em segundo na maioria deles, não vejo isso como algo ruim. Vejo isso como consistência. Significa que mantivemos o nosso ritmo o ano todo e esperamos, no próximo, superar mais e mais".
Agora, não só fly como todas as jogadoras de Counter-Strike: Global Offensive terão no novo circuito feminino uma chance de um cenário ainda mais sólido do que o que foi visto até então. Consciente disso, a jogadora destaca que isso fez com que ela sentisse um sentimento muito antigo: "A minha previsão é de mais competitividade do que o que temos atualmente. Muita gente quer disputar, e acendeu uma paixão muito antiga por conta do mundial".
Com performances que fizeram o MIBR chegar em decisões de diversos torneios no Brasil, fly não poderia passar desapercebida nesta temporada. Na lista de melhores jogadoras de cada torneio deste ano, a atleta esteve presente em sete dos dezesseis eventos listados. Sendo elas as duas edições da Grrrls League, Aorus e GC Masters, além da quarta série feminina.