As melhores no Brasil em 2021: (6) – gabee

Jogadora destacou vontade de seguir dominando nesta temporada

por Filipe Carbone / 04 de Jan de 2022 - 13:00 / Capa: Arte/DRAFT5

Hegemônica em mais um ano, a FURIA feminina conseguiu uma trajetória de sucesso e expandir para dois o número de temporadas em que ninguém foi capaz de parar as Furiosas. Parte deste projeto desde outubro de 2020, Gabriela "gabee" Velasco apareceu mais uma vez entre as melhores jogadoras do Brasil depois de um ano deslumbrante.

Com apenas 23 anos recém-completados, a jogadora nasceu pouco antes do Counter-Strike ser lançado e estourar nas lan-houses. Há quase uma década, gabee estreou no cenário competitivo pela equipe da Blacklegendz no Combat Arms. Três anos depois e de lá para cá, a jogadora se viu influenciada pelos amigos para iniciar a trajetória no FPS da Valve, com 17 anos.

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Sem o apoio de grande parte da família no início da trajetória competitiva, ela remou contra a corrente e largou todo o projeto de faculdade e estudos, de maneira escondida. Deixando de falar com os pais até ver o primeiro dinheiro conquistado com o Counter-Strike, gabee teve que aproveitar a perseverança que possuía para não desistir.

"No começo foi bem difícil ter o apoio da família, principalmente porque eu fazia faculdade e queria largar tudo para competir no Counter-Strike. Fiz a minha vontade na época de largar tudo, mas escondido. Cheguei a largar a faculdade e só contar depois o porquê de ter feito, que foi quando recebi convite para fazer parte de um time feminino. De começo, obviamente meus pais não aceitaram, ficaram sem falar direito comigo até o meu primeiro salário cair".

MOVIDA PELA AMIZADE

Seguindo caminhos distintos no cenário competitivo atual, gabee teve em Claudia “Santininha” Santini uma das grandes motrizes para seguir competindo. Na última vez em que fez parte da lista de melhores jogadoras da DRAFT5, no ano passado, a atual jogadora da FURIA destacou toda a importância que a santininha teve para que ela tivesse uma trajetória vitoriosa.

Foto: Reprodução/Instagram

Most Valuable Player (MVP) da Série Feminina da Gamers Club de setembro, gabee também viu os amigos de escola naquela época sendo ponto forte para que ela fosse persistente na vida profissional. Hoje, alguns anos mais tarde, colhe os frutos de ter sido determinada para conseguir se profissionalizar e fazer disso uma forma de viver.

Entretanto, nem todo suporte do mundo impediu que gabee passasse por uma situação comum para todas as mulheres que estão presentes no Counter-Strike: o preconceito. De acordo com a própria jogadora, isso aconteceu em todos os jogos pela qual ela passou. Hoje, se diz extremamente cansada de falar sobre o assunto e destaca que isso faz parte do dia-a-dia de qualquer mulher.

"Sempre sofri preconceito em todos os jogos que eu joguei. Sempre a mesma coisa: "aqui não é seu lugar", "não tem louça em casa?", "tá sem roupa para lavar?". Já virou algo bem chato comentar sobre isso porque não existe uma pessoa que não saiba que nós mulheres sofremos preconceito diariamente em qualquer meio de trabalho. Vamos continuar sofrendo com isso porque homem não suporta ver mulher sendo superior a eles".

BRILHANTE, GABEE QUERIA MAIS

No currículo apenas durante o último ano, gabee conquistou dez dos quinze títulos que disputou. Entretanto, enquanto muitos jogadores destacariam que esta temporada foi praticamente perfeita, a jogadora da FURIA foi categórica ao dizer que o ano não foi do jeito que ela esperava. Entre os que ainda estão engasgados está a Gamers Club Masters III, onde ficou em terceiro lugar.

Grrrls League 2021 1, Athena's Challenge 2021, Gamers Club Masters Feminina III, Aorus League 2021 Season 3 Brazil e Gamers Club Liga Série B de outubro foram os únicos eventos que gabee esteve presente e não saiu com a medalha de ouro e o troféu de campeã. De resto, varreu o cenário competitivo ao garantir o título de diversos torneios relevantes, como é o caso da quarta edição da GC Masters. Aida assim, não foi o suficiente.

"Minha temporada não foi como eu esperava. No início do ano, eu esperava ser mais consistente, principalmente na GC Masters, onde ficamos em terceiro lugar. Aquela derrota machucou muito e nos deu sangue nos olhos para treinar mais e buscar o que era nosso", disse a jogadora.

Essa, segunda a própria jogadora, foi a força motriz, para que houvesse mudanças no comando da equipe. A mudança foi a primeira que o time sofreu em pouco mais de um ano, quando venceu tudo que disputou na temporada. Entretanto, conseguiu ver um lado positivo dentro do Counter-Strike.

"O ano foi um pouco fora da curva porque perdemos esse campeonato, que é muito importante. Mas, de resto, eu gostei sim. Foi um ano onde eu voltei a exercer a minha antiga função dentro do Counter-Strike, que é lurker", disse a jogadora.

TEMPORADA E (TALVEZ) BOAS NOTÍCIAS

No apagar das luzes do ano passado, a ESL anunciou um novo circuito dedicado exclusivamente para mulheres. Esperado há muito tempo no Counter-Strike, ele visa estimular o crescimento do cenário feminino e dar oportunidades que são escassas tendo em visto a desigualdade do cenário.

Entretanto, consciente disso, gabee destaca que vê muito potencial para que isso dê certo, mas tudo depende da forma como a organizadora levará isso para frente: "Eu acredito que tudo vai depender desse circuito da ESL", disse ao ser questionada sobre o tema.

"Eles têm um projeto legal que, se for bem organizado, vai conseguir trazer mais visualização e mais meninas para o nosso cenário". Além disso, se mostra otimista em permanecer no topo. "Eu não tenho como esperar menos do que dominar novamente o cenário, tendo em vista o que aconteceu nos últimos anos".

A 6ª MELHOR MELHOR DO BRASIL EM 2021

Gabee está certa. Os números dela e da FURIA na última temporada competitiva foram absolutos. Assim como já dito, ela foi vencedora de dez troféus. Mesmo sendo MVP em apenas um deles, a jogadora conseguiu se destacar em quase todos os outros que participou, levando o posto de EVP em oito oportunidades diferentes. Entre eles, da própria GC Masters 3, que ficou entalada na garganta da jogadora por tanto tempo.

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