Presente no cenário competitivo desde 2016, Gabriela "GaBi" Maldonado possui uma longa jornada vitoriosa no CS:GO e uma das principais características da jogadora é ser constante ao longo das temporadas. Assim como em 2020, quando foi eleita a segunda melhor jogadora do Brasil pela DRAFT5, GaBi aliou a vasta experiência, apesar de ter apenas 23 anos, com extrema qualidade mecânica do jogo para ajudar a FURIA em mais um ano dominante e ficar na terceira colocação (3ª) na lista de Melhores Jogadoras de 2021.
Natural de Osasco, região Metropolitana de São Paulo, a atleta nascida em 1999 sempre teve gosto pelos videogames, mas foi pela influência do primo que teve o primeiro contato como Counter-Strike: Global Offensive. O inicio da trajetória competitiva foi apenas em 2016, quando formou o primeiro time após conhecer as companheiras por meio de um grupo do Facebook.
"Quando montamos o time demorou um pouco até conseguir chegar lá na frente para disputar com as melhores da época. Lembro que sempre passavam duas equipes por grupo na Liga Feminina e sempre ficávamos em terceiro"
GaBi atraiu os olhares de todo o cenário com as companheiras da Densa Squad na G3X Cup, chancelada por Alexandre "Gaules" Borba, onde entraram como underdogs, mas eliminaram uma das favoritas na repescagem e ficaram com o vice-campeonato do torneio.
Posteriormente, GaBi foi contratada pela ProGaming, onde passou cerca de dois meses com a equipe, mas finalizou a temporada atuando na semXorah. A jogadora também iniciou 2017 com a famosa tag e chegaram perto de conseguir uma vaga na Intel Challenge Katowice 2017, mas acabaram perdendo na final para as norte-americanas da silhouette.
O primeiro semestre daquele ano foi de bastante mudança para GaBi, que passou por Team One RED, Victory Pro e Team Innova Pink; lá, permaneceu até outubro de 2017, quando o time saiu para entrar na Vivo Keyd e construir uma grande era no cenário feminino.
GaBi, Juliana "showliana" Maransaldi, Pamella "pan" Shibuya, Camila "cAmyy" Natale e Bruna "Bizinha" Marvila chegaram na Vivo Keyd para comporem a primeira divisão de Counter-Strike feminina da história da organização brasileira e deram um gostinho do que seria o futuro ao faturar os títulos da Brasil Game Cup Feminina 2017 e da seletiva feminina para a WESG 2017-18. GaBi ficou com o prêmio de quarta melhor jogadora daquela temporada pela Gamers Club.
Um ano depois, GaBi conseguiu a sonhada vaga para a Intel Challenge Katowice com a Vivo Keyd, marcando a primeira LAN internacional da jogadora; o Brasil foi muito bem representado, com as Guerreiras alcançando os playoffs do torneio, encerrando na quarta colocação e levando $5 mil para casa.
Posteriormente, o esquadrão brasileiro disputou a WESG, disputada em Haikou, na China, mas não conseguiram o mesmo desempenho e caíram ainda na fase de grupos nos critérios de desempate. As meninas voltaram ainda mais fortes para o Brasil, ganhando de todas as desafiantes, mas a VK acabou não permanecendo com o elenco feminino após polêmicas extra-jogo.
Livre de contrato, a equipe fechou contrato com a OpTic Gaming, grande organização internacional de esportes eletrônicos, onde ergueram o troféu da Brasil Game Cup Female 2018. Entretanto, o vínculo contratual foi quebrado de forma unilateral pela OpTic Gaming por conta de um escândalo envolvendo a line-up indiana, onde Nikhil "forsaken" Kumawat foi banido em campeonato presencial enquanto atuava pela OpTic.
Sem organização, as jogadoras permaneceram unidas e encerram a temporada jogando sob a tag Time das Lindas e somando mais um título na conta, da GAMECON Challenge CS:GO Feminino 2018, para terminar o ano com chave de ouro.
O Time das LiNdAs conseguiu novamente a vaga para a Katowice, em 2019, então a paiN Gaming não perdeu a oportunidade e assinou com o vitorioso elenco. Contudo, o time não conseguiu repetir o feito do ano anterior e não chegou na fase decisiva do torneio, assim com o na WESG 2019, disputada novamente na China.
Com a camisa da tradicional organização brasileira, GaBi e companheiras tiveram dificuldades ao longo do ano. Mesmo faturando a etapa semestral da Liga Feminina, a formação sofreu na Liga Feminina de agosto e foi derrotada pela Vivo Keyd na BGC Feminina, onde a paiN não conseguiu alcançar às finais presenciais.
A escalação viu ainda o longo tabu de vitórias na LAN, desde 2017 sem perder em competição presencial, ser perdido na seletiva nacional para a GIRLGAMER Esports Festival 2019, torneio que seria disputado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. As brasileiras foram derrotadas pela Isurus e acabaram na quarta colocação.
A histórica line-up começou a se desmantelar no início de 2020, com a saída da pan e da GaBi, anunciada para fazer parte da primeira escalação feminina da FURIA no CS:GO. Apesar da mudança de organização, o reinado de GaBi no topo de cenário nacional permaneceu.
O ano de 2020 foi mágico para as furiosas, consagrando-se campeãs por seis vezes, sendo duas edições da Gamers Club Masters Feminina — considerado o Major brasileiro. Além disso, a equipe se aventurou em torneios mistos, acumulando boas performances e resultados.
"Creio que a dedicação do time foi o que nos levou a ganhar todos os campeonatos, porque treinamos bastante todos os dias para conseguir mandar bem sempre. Eu esperava que teríamos bons resultados nessa temporada, porque somos um time dedicado. Porém, tiveram times femininos que bateram de frente com a gente", disse GaBi em relação ao ano de 2020.
O fechamento daquela temporada terminou da maneira que começou, com as furiosas levantando o troféu da BGS Esports 2020 ao atropelar a Severe na grande final por 3 a 0.
O ano de 2021 começou com a expectativa de uma nova grande rivalidade na cena feminina entre FURIA e MIBR e com a pergunta de quem poderia parar as panteras. O MIBR derrotou a FURIA na primeira final entre as duas organizações, pela Grrrls League 2021: Split #1.
Entretanto, os dois times voltaram a se enfrentar em mais seis finais ao longo do ano e a FURIA ganhou todas as decisões. "Sempre bom ter essa rivalidade dentro do jogo, deixa mais emocionante para quem assiste", argumentou GaBi.
Mesmo assim, a FURIA ainda somou ótimos resultados no primeiro semestre, conquistando duas edições da Aorus League 2021: Feminina e algumas edições da Liga Feminina. Entretanto, as adversárias estavam dando muito mais trabalho, culminando com a queda da FURIA na GC Masters Feminina III para a Jaguares.
"Depois dessa derrota vimos que os times estavam muito equilibrados e com isso viemos com mais vontade para o segundo semestre."
A line-up passou por instabilidades nos meses seguintes, com muitas alterações na função de treinador principal e, principalmente, com a saída de Gabriela "Gabs" Freindorfer. Um dos pilares da organização decidiu pendurar o mouse e se aposentou do competitivo.
A escolha da substituta foi rápida e optaram pela Olga "olga" Rodrigues, que estava há dois anos atuando pela Black Dragons. "Escolhemos a olga por ser uma jogadora experiente que poderia agregar no time. Foi uma adaptação rápida e tranquila".
Os primeiros torneios após as mudanças não foram do jeito que o time desejava, mas finalizou da melhor forma possível. As furiosas ganharam do MIBR na final da Gamers Club Masters Feminina IV e comemoram o décimo título no ano
"Em 2021, tivemos bastante dificuldade, mas os times femininos melhoraram bastante e deu para ver que ficou bem mais disputado. Nosso time se dedica muito, então esperava um bom ano. Acho que os dois títulos que tivemos em LAN foram os mais marcantes esse ano."
A quarta edição do Major brasileiro feminino foi o melhor campeonato em números de GaBi, que ficou com o prêmio de Melhor Jogadora (MVP) do torneio. Entretanto, a regularidade da experiente jogadora foi vista ao longo dos jogos, fazendo GaBi ganhar dez EVPs (Exceptionally Valuable Player) — jogadoras que se destacam no torneio, mas não levam o MVP.
Os prêmios individuais somado com as conquistas coletivas fizeram GaBi acumular 105 DRAFT5 Points, um ponto a mais do que a quarta colocada e oito pontos atrás em comparação com a segunda da lista. Vale ressaltar que cada torneio disputado durante o ano teve um peso diferente na contagem final.
Após dois anos sendo o melhor time do Brasil, GaBi sabe que os desafios tendem a ficar constantemente mais difíceis para a FURIA, principalmente por ser a mais visada entre as adversárias. Por conta disso, a paulistana aposta no trabalho duro para permanecer no topo em 2022.
"É continuar o trabalho e se dedicar mais a cada dia. A cada ano que passa, me sinto mais experiente para ajudar o time em diversas situações."
Um dos objetivos, obviamente, passa a ser a competição internacional no cenário feminino, anunciado pela ESL em dezembro de 2021. A organizadora promoverá um circuito com premiação de $500 mil, além de dois torneios de nível global durante a DremHack Dallas, em junho, e DreamHack Winter, novembro, que terão seletivas sul-americanas.
"Acho que esse anúncio pode animar mais o cenário feminino brasileiro e mundial. Com certeza vai ser o objetivo de todos os times. Esse anúncio é o que o cenário precisava para crescer e dar uma animada em todas as meninas."
Por fim, a reportagem pediu para Gabi um Bold Prediction, que consiste em nomear uma jovem jogadora que pode ser destaque em 2022. A representante da FURIA apostou em Nadjila "poppins" Sanchez, promessa do cenário feminino que atuou pela W7M e finalizou a temporada na Black Dragons. "Acho que a poppins pode ser uma revelação nesse ano de 2022".