As melhores no Brasil em 2021: (1) – kaah

Atleta de 26 anos se consolidou com a melhor do país ao longo da temporada

por / 06 de Jan de 2022 - 15:30 / Capa: Arte/DRAFT5

Absolutamente ninguém foi melhor que Karina "kaah" Takahashi no cenário feminino brasileiro em 2021. Multicampeã com a hegemônica FURIA, a atleta de 26 anos cravou números verdadeiramente incomparáveis para consolidar-se assim como a melhor jogadora do país ao longo do último ano.

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COMEÇANDO CEDO

Karina nasceu em 1995, na cidade de São Paulo e, como se diz por aí, "desde que se conhece por gente" vê o Counter-Strike fazer parte de sua vida. A paixão pelo FPS, aliás, advém do pai, Helio, responsável por dar à jogadora sua primeira conta na Steam com o clássico 1.6. Ele, por sinal, passava algumas boas horas jogando junto da filha.

O que era hobby ganhou tons mais sérios à medida em que kaah chegou à era Global Offensive já com o objetivo de encontrar um time para chamar de seu: "Meu primeiro contato com o CS:GO foi logo quando lançou o beta, onde eu joguei com umas amigas e já comecei a migrar pensando em ter um time", conta.

"Meu primeiro time foi logo no comecinho do CS:GO, com umas amigas", relembra. A paixão pelo jogo, todavia, não era lá muito rentável nos primórdios do CS:GO. Sem conseguir conciliar a rotina de estudos matinais com os treinos que se arrastavam madrugada a dentro, Karina resolveu concentrar seus esforços no lado acadêmico, embora jamais tenha deixado morrer a esperança de ser uma jogadora profissional.

kaah durante seus tempos de Vivo Keyd | Foto: Divulgação/GAMEXP

Ela, aliás, chegou a se formar em Tecnologia em Produção de Música Eletrônica, mas apesar dos estudos estarem muito bem encaminhados, o amor pelo FPS acabou sendo soberano: "Não me lembro ao certo os primeiros campeonatos que joguei, mas a primeira LAN foi a PowerLounge Cup", evoca.

Tal campeonato foi disputado em abril de 2017, contando com quatro equipes femininas na luta por uma fatia dos R$10 mil em premiação. É bem verdade que kaah e sua NumberSix ficaram pelo caminho nas semifinais diante da calejada Alientech de Cláudia "santininha" Santini e Jessica "fly" Pellegrini, mas as lembranças ficaram:" Era um campeonato onde as meninas todas se reuniram e revezaram para manter uma live de 24h para arrecadar dinheiro para a nossa premiação", conta.

DIAS DE LUTA

É bem verdade que o cenário feminino brasileiro de Counter-Strike não era tão badalado lá em 2017, mas o amor pelo jogo manteve kaah fiel à carreira como jogadora. Não demoraria para que a Bootkamp Gaming investisse em seu talento ao final daquele longínquo ano. kaah, aliás, defendeu tal tag por cerca de nove meses, antes do clube encerrar suas atividades.

No restante do ano, a atleta e suas companheiras lutaram sem o aporte de uma organização, mas mesmo assim acabaram por chamar a atenção da respeitada Vivo Keyd, um dos mais tradicionais clubes do cenário. Embora sua passagem por lá tenha sido legitimamente promissora, a hegemonia construída pela paiN Gaming de Juliana "showliana" Maransaldi e companhia minimizou o impacto causado por ela e suas companheiras.

kaah defendendo as cores da Vivo Keyd durante a disputa da seletiva brasileira para o GIRLGAMER Esports Festival 2019 | Foto: Rafael Veiga/DRAFT5

"O período da Vivo Keyd foi quando comecei a minha história em uma organização grande, representando um importante nome, trabalhando de uma maneira mais midiática também e não só dentro dos servidores. Começamos o time de uma maneira e terminamos de outra", contou em entrevista à DRAFT5.

Seu feito mais notável pela Vivo Keyd foi o título da edição feminina de Brasil Game Cup 2019, conquistado sobre a Team One da menina prodígio Gabriela "bokor" Bokor em outubro daquele ano. A conquista, no entanto, não foi capaz de garantir a permanência da VK no cenário, deixando kaah e suas companheiras uma vez mais em busca de uma nova casa.

DIAS DE FURIA

Não demorou para que o árduo trabalho de kaah fosse reconhecido por uma das maiores organizações do Brasil. Foi no começo de 2020 que a FURIA resolveu se aventurar no cenário feminino de CS:GO, apostando na classe da jogadora para compor seu primeiro elenco na modalidade.

"Fiquei muito animada quando a FURIA entrou em contato com a gente com interesse na nossa line-up, eu nunca tinha imaginado que isso fosse acontecer, principalmente naquela época. Foi a coisa mais expressiva que aconteceu na minha carreira além dos campeonatos que eu ganhei", sustenta com orgulho.

FURIA dominou o cenário feminino em 2020 | Foto: Divulgação/FURIA

Os bons resultados com a pesada camisa furiosa, é claro, não demoraram para vir. Sabendo superar as adversidades causadas por algumas mudanças em seu elenco, a equipe consolidou-se como a melhor do Brasil em 2020, vencendo seis dos nove campeonatos que disputou no ano. kaah, por sinal, foi eleita a terceira melhor do país naquele pandêmico ano, ficando atrás apenas de Izabella "izaa" Galle e Gabriela "GaBi" Maldonado, duas de suas companheiras de FURIA.

Em 2021, nada de tirar o pé do freio. Mesmo com o iminente surgimento de uma rival à altura de sua equipe, kaah não se intimidou, encabeçando as principais conquistas diante do MIBR na temporada. Em destaque, dois títulos em LAN: a WESG LATAM 2020-21 e a segunda temporada de Grrrls League, os quais a própria jogadora aponta como os mais marcantes da temporada:

"Os campeonatos em LAN que jogamos esse ano - WESG e Grrrls League - foram os que mais representaram algo pra mim. A WESG porque eu tinha vindo de uma derrota recente depois de um bom tempo sem perder, foi uma revanche. A GRRRLS LEAGUE por ter sido o último campeonato que jogamos com a gabs", crava.

E por falar em Gabriela "gabs" Freindorfer, eleita a décima melhor jogadora do Brasil em 2021, kaah não esconde o apreço pela ex-companheira de FURIA: "O momento mais especial, por incrível que pareça, foi quando a gabs se aposentou. Foi um pouco triste porque 'perdi' uma colega de time, mas isso fez eu me dar conta de quanto eu ganhei com ela e sou muito grata por todas que conheci, joguei e jogo até hoje, são pessoas que fizeram eu ser a jogadora que sou hoje e sempre estão comigo", pondera.

kaah demonstra um enorme respeito por gabs | Foto: Divulgação/Red Bull

kaah, não por acaso, mostra-se muito satisfeita com os resultados angariados por ela e sua equipe ao longo do ano. Sua alegria em vencer converte-se em confiança à medida em que ela é questionada sobre sua posição na lista de melhores de 2021: "Pelo tanto de MVPs que ganhei esse ano, eu arriscaria o top 1, mas só de estar na lista mais um ano já fico feliz", diz. E não é que ela gabaritou?

"Acredito que meu ano tenha sido muito bom. No ano passado, eu queria fazer exatamente o que eu fiz esse ano e estou muito contente com os meus resultados", analisa. "Coletivamente foi um ano incrível, mudamos a line e mantivemos o nosso nível. Ganhamos a grande maioria dos campeonatos que disputamos e conseguimos nos manter e melhorar nosso nível na Série B da Gamers Club", afirma.

A MELHOR JOGADORA DO BRASIL EM 2021

Não é loucura nenhuma afirmar: kaah sobrou em 2021. Como se não bastasse seus inúmeros feitos coletivos sob o banner da FURIA, a atleta ainda pode ter a honra de bradar aos sete ventos que ninguém recebeu mais condecorações individuais do que ela ao longo do último ano. Não à toa, a jogadora de 26 anos somou 148 DRAFT5 Points na corrida pela ponta da tabela.

Afinal, foram cinco honrarias individuais do mais alto nível para ela: duas temporadas de AORUS League, duas edições da Série Feminina chancelada pela Gamers Club e, a de maior calibre, da Grrrls League #2, competição disputada presencialmente.

Como se não bastassem seus cinco prêmios de MVP, kaah ainda mostrou serviço em praticamente todos os outros campeonatos de ponta que disputou, sendo EVP na temporada inaugural de Grrrls League, BGS Esports, WESG LATAM 2020-21, Gamers Club Masters IV e também em duas etapas da Série Feminina da plataforma líder.

As honrarias individuais conquistadas por kaah em 2021 | Foto: Arte/DRAFT5

"Em 2022 eu espero melhorar mais ainda o meu nível, quero estar sempre melhor individualmente e coletivamente, fazer a diferença, ser impactante sempre", projeta. E ao que tudo indica, o cenário feminino terá ainda mais a crescer neste ano. Com o investimento de $500 mil anunciado pela ESL em dezembro, a expectativa é de que as equipes femininas ganhem ainda mais oportunidades, abrindo espaço para o desenvolvimento de mais talentos.

E por falar em talentos, kaah não titubeia na hora de apontar uma forte candidata a integrar as próximas listagens de melhores do ano da DRAFT5: as grandes atuações da promissora Nadjila "poppins" Sanchez, recém-contratada pela Black Dragons, chamaram sua atenção: "A poppins já é a jovem que pra mim vai entrar na próxima lista", finaliza a furiosa.

+18. Aposte com responsabilidade. Odds sujeitas a alteração.

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