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As melhores no Brasil em 2020: (3) – kaah

A jogadora da FURIA terminou o ano com oito títulos, dois MVPs e cinco EVPs

por Pietro Santiago / 06 de Jan de 2021 - 14:16 / Capa: Arte/DRAFT5
Chegamos na reta final da lista de Melhores Jogadoras no Brasil em 2020 e Karina "kaah" Takahashi não poderia estar de fora das selecionadas. A jogadora saltou do status de "pugzera" de Counter-Strike: Source para brilhar no Global Offensive. Além dos inúmeros títulos coletivos com a FURIA, kaah foi impactante com sua mira ao longo da temporada, culminando também em conquistas individuais.

Nascida em 1995 na cidade de São Paulo, Karina Takahashi esteve inserida no mundo virtual dos games desde cedo. O primeiro contato com um jogo eletrônico foi logo aos cinco anos de idade ao assistir - com muito medo - o pai jogar Legacy of Kain: Soul Reaver - clássico título da desenvolvedora Crystal Dynamics e que foi lançado oficialmente em 1999.

O senhor Helio também foi o responsável por inserir no coração da jovem Karina a paixão pelo FPS da Valve. O incentivo chegou após ser presenteada pelo pai com uma conta Steam.

"Ele jogava, eu assistia e amava. Jogava escondido dele até que a minha irmã me caguetou e meu pai, ao invés de brigar comigo, me deu uma Steam com o CS 1.6. O CS: Source (2004) lançou meses depois e começamos a jogar juntos."

SONHO INTERROMPIDO


A jogatina foi por pura diversão até 2012, onde kaah começou a se familiarizar com a ideia de seguir carreira profissional no competitivo. A paulistana migrou rapidamente para o CS:GO, junto com algumas amigas, e chegou a jogar pela NumberSix durante alguns meses. Contudo, o estudo fez kaah interromper o sonho em 2013.

"Era difícil conciliar o tempo naquela época, porque muita gente trabalhava/estudava a noite, então os treinos terminavam de madrugada e eu estudava de manhã."

Caminhando por outra direção em sua vida, kaah concluiu os estudos na escola e também chegou a se formar em Tecnologia em Produção de Música Eletrônica. No entanto, ela nunca deixou o desejo de ser jogadora, principalmente com o cenário evoluindo no quesito campeonatos.

"Resolvi voltar porque sempre acompanhei o cenário de CS e ficava muito feliz por estar tendo cada vez mais campeonatos femininos, mas ficava triste por não ter realizado um dos meus sonhos: jogar um torneio em lan."

Foto: Rafael Veiga/DRAFT5


O sonho antigo, no entanto, se tornou realidade com a Power Lounge Cup Female 2017. Kaah não deixou a oportunidade escapar e retornou ao competitivo novamente com a tag NumberSix. A equipe acabou perdendo logo no primeiro confronto para a Team Alientech.

DECIDIDA A GANHAR

Apesar da derrota, a competição abriu muitas portas para a retomada da carreira de jogadora. A pro player acabou indo jogar pela Bootkamp Gaming meses depois, onde conheceu Gabriela “gabs” Freindorfer e Ana Claudia “ninha” Barbosa.

Com a nova organização, kaah colecionou títulos e vices das liga mensais da Alienware Gamers Club. O time já marcava presença e incomodava as principais equipes da época (Team One e Vivo Keyd). A organização, por sua vez, resolveu sair do cenário feminino, em setembro de 2018.

Posteriormente, kaah conseguiu terminar na segunda colocação da GAMECON Challenge CS:GO, em novembro daquele mesmo ano representando a Bar Sem Lona. O resultado chamou a atenção da Vivo Keyd, que retornou ao cenário e contratou a line up inteira para a temporada 2019.

"O período da VK foi quando comecei a minha história em uma organização grande, representando um importante nome, trabalhando de uma maneira mais midiática também e não só dentro dos servidores. Começamos o time de uma maneira e terminamos de outra."

kaah em ação pela Vivo Keyd | Foto: Divulgação/GAMEXP


Realmente foi uma jornada bem distinta. O começo foi um pouco conturbado, com exibições inconstantes e resultados que não eram os esperados. Apesar disso, o segundo semestre foi extremamente positivo, principalmente com o título da BGS no final de 2019.

AS IRMÃS TAKAHASHI


A final da BGS foi ainda mais especial para a jogadora de 24 anos, mas é preciso contar o que houve cerca de cinco meses antes. Assim como falado anteriormente, as coisas não saíram como planejadas ao longo do primeiro semestre do projeto da VK.

Por conta disso, o esquadrão passou por duas mudanças. Shayane "shAy" Victorio e Amanda "AMD" Abreu saíram para as entradas de Lara "goddess" Baceiredo e Elaine "mindle" Takahashi (irmã de Karina). As irmãs estiveram juntas pelo resto da temporada e ganharam o primeiro presencial unidas dentro do servidor.

A campanha deixou a conquista ainda mais brilhante. Depois de encerrar a fase de grupos na terceira colocação, com um retrospecto de 15 vitórias e seis derrotas, a Vivo Keyd superou a Imperial nas quartas de final e eliminou a paiN Gaming - líder da fase de grupos - na semifinal.

A decisão foi disputada no evento presencial da Brasil Game Show (BGS) contra a Team One, que havia terminado a primeira etapa na segunda posição geral. As meninas da One abriram o placar na série, mas a VK tomou as rédeas do confronto e aplicou a virada por 3 a 1.

Foto: Divulgação/GAMEXP


"É a conquista que tenho mais carinho porque foi o primeiro campeonato presencial em que levantei uma taça, minha irmã estava jogando comigo e o meu pai estava presente assistindo a gente. Foi uma emoção diferente."

Entretanto, kaah viu o roteiro ser repetido após a Vivo Keyd anunciar o desligamento do time feminino. A line-up permaneceu reunida em busca de uma nova casa, que chegou dias depois com o anúncio da primeira equipe feminina da história da FURIA.

DOMÍNIO FURIOSO


O chamado de uma das principais organizações brasileiras, que estava em plena ascensão em diversas modalidades, surpreendeu a line up. "O interesse da FURIA nos deu um gás e estávamos muito contentes e ansiosas pra mostrar tudo o que a gente conseguiria fazer pela camisa."

A confiança não ficou apenas nas palavras. As meninas mostraram dentro do servidor uma superioridade grande em comparação com as demais, mesmo com muitas mudanças na line up no decorrer do ano. Entretanto, kaah revelou que esperava um desempenho melhor tanto dela quanto das outras companheiras.

"Além de jogadoras individualmente boas, a gente tem uma relação muito agradável fora do jogo. E não digo só da minha line atual, digo de todas que já passaram e fizeram parte da nossa história como FURIA. Sempre tivemos jogadoras que gostavam do que estavam fazendo e isso facilitou muito."

Foto: Gui Caielli/FURIA


As primeiras duas alterações surgiram cerca de um mês após o anúncio do time. goddess foi colocada no banco, enquanto ninha deixou a organização. A FURIA repôs com Gabriela ''GaBi'' Maldonado e Izabella ''Izaa'' Galle.

Elas estavam defendendo a camisa da paiN Gaming e tinham garantido a vaga no classificatório LATAM da WESG no mês de janeiro. Com as novas jogadoras integradas no elenco, a FURIA deu os primeiros passos rumo a hegemonia com as conquistas da Liga Feminina do primeiro e segundo trimestre.

Em maio de 2020, as irmãs foram separadas após mindle deixar a FURIA, que reforçou a equipe com a contratação da experiente Bruna "bizinha" Marvila. As panteras, com um poderio de fogo ainda maior, levantaram mais três troféus, além de amargarem a segunda colocação em dois torneios (Gaming Culture Invitational 2020Gaming Culture Invitational Convergence 2020).


Mesmo vivendo momento tranquilo e soberano no cenário, bizinha quis deixar a FURIA por opção própria. Uma das melhores jogadoras da equipe, sendo destaque de quase todos os torneios, poderia causar um momento de instabilidade. Entretanto, não foi isso o que aconteceu.

"Nunca tive um receio de uma possível queda, porque sei o que eu e meu time éramos capazes de conseguir ajudar quem entrasse para continuar desempenhando bem. Nunca procuramos uma jogadora para substituir a bizinha (insubstituível, eu diria), procuramos uma jogadora que pudesse somar e entrar para ser a peça que ela mesma iria construir dentro do time."

A FURIA foi ao mercado e contratou Gabriela "gabee" Velasco. Com passagens por INTZ e Soberano, a mais nova Gabriela do time se adaptou rapidamente ao estilo de jogo das panteras, que conquistaram o Rainhas do Clutch, BGS Esports e a segunda edição do Major brasileiro feminino.

Foto: Divulgação/FURIA


Eu considero fundamental a nossa relação como time e como pessoas, a gente se da muito bem e conseguimos conversar para colocar tudo nos eixos e não nos perder durante o caminho, foi isso que fez a gente sair com a vitória da GC Masters e voltarmos de uma derrota no próximo dia de campeonato com todo gás.

"Eu considero fundamental a nossa relação como time e como pessoas, a gente se da muito bem e conseguimos conversar para colocar tudo nos eixos e não nos perder durante o caminho. Foi isso que fez a gente sair com a vitória na GC Masters e voltarmos de uma derrota no primeiro dia do campeonato."

A 3º MELHOR EM 2020

O impacto individual de kaah nas conquistas da FURIA foram bem expressivos e não à toa a jogadora somou dois MVPs e cinco EVPs ao longo da temporada. Além do Girl Power Invitational, Karina foi eleita a melhor jogadora na campanha da Liga Feminina do terceiro trimestre. A jogadora mostrou sua regularidade característica e terminou o torneio com 1.60 de KDR e +84 de diferença entre eliminações e mortes. Foram 224 abates e 140 mortes somando todas as partidas.

kaah ainda foi uma das destaques na temporada da BGS, e enxerga a participação como sua melhor exibição no ano, mas "não acho, ainda, que consegui mostrar a minha melhor versão".

Arte/DRAFT5


Os prêmios não param por ai. A jogadora assegurou também os EVPs na primeira e segunda edição da GC Masters, na Liga Feminina do segundo trimestre e no Rainhas do Clutch. Por conta disso, kaah terminou a temporada com 49,3 D5 points - mais de 20 pontos à frente da quarta colocada e 0,1 ponto atrás da jogadora que terminou na segunda posição.

O QUE ESPERAR PARA 2021


A nova temporada promete muita disputa e, obviamente, os olhares de todo o cenário estarão voltados para a FURIA. kaah afirmou estar ansiosa para 2021 por conta dos campeonatos que estão por vir e também devido aos rumores de grandes organizações ingressando no circuito feminino.

No entanto, não ache que elas estão satisfeitas com as conquistas o ano brilhante de 2020. "O plano e objetivo para 2021 é melhorar o que tivemos em 2020, queremos a vaga para o mundial e também queremos nos destacar no cenário masculino."
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