Um amor passado de pai para filha. É desta forma que podemos classificar o que são os games na vida de Camila "napeR" Naper. Com muita vontade e dedicação, com o decorrer dos anos, a hoje integrante da 9z Team deixa de ser apenas uma jogadora casual de Resident Evil para se tornar um dos principais nomes do cenário feminino brasileiro.
COMO TUDO COMEÇOU!
Nascida na cidade de São Paulo, napeR teve uma infância tranquila e, apesar das muitas brigas que teve com o irmão - com direito a dente dele quebrado - não foi uma menina muito arteira, conforme a própria admite. Por mais que o pai tenha plantado em ambos os filhos a sementinha do mundo gamer, quando criança a jogadora foi muito mais ligada aos esportes tradicionais, sendo praticante de várias modalidades como futebol, vôlei e handebol até que um problema no joelho a tirou das quadras. Por mais que a lesão seja um marco negativo na vida de napeR, já que a forçou a fazer uma pausa na prática esportiva, o fato foi
primordial para a carreira nos esports. Foi nessa época que a, hoje, jogadora conheceu o Counter-Strike, lá em 2008, ainda na versão 1.5, na qual se divertia jogando com os bot enquanto revezava o computador com o irmão. Um vizinho foi o responsável por mostrar a napeR que era possível jogar CS, pela internet, contra outras pessoas. A partir daí a paixão pela modalidade só aumentou e a jogadora botou na cabeça que ia se dedicar para evoluir. E o começo da carreira foi simples, jogando contra os vizinhos do prédio onde morava e também com os colegas da escola.
Por mais que tenha conhecido o jogo em uma das primeiras versões, napeR só começou a competir no Global Offensive porque naquela época via o FPS como um “hobby” e o foco era os estudos. Nesse período, a vida de Camila acontecia na Prefeitura de São Paulo, onde trabalhou, e na faculdade de Design Gráfico, além do curso técnico de Segurança do Trabalho, profissão a qual admite que seguiria caso largue os esports.
OBRIGADO, MAY!
Assim como aconteceu para muitos outros jogadores, o CS também serviu de válvula de escape para napeR quando a jogadora vivenciou importantes problemas pessoais. Foi nessa época em que Mayara "may" Prado apareceu na vida da atleta e a convidou a participar do SiteCS. A partir daí napeR não deixou mais de ser vista nos campeonatos. De degrau em degrau a jogadora foi subindo no competitivo e, com expressivos resultados obtidos na carreira, se tornando um dos principais nomes do cenário feminino nunca ficando de fora da elite nacional. napeR disputando a g3x Cup 2016 feminina | Arquivo pessoal A primeira experiência de napeR em uma competição presencial foi na versão feminina de um dos mais prestigiados torneios já feitos no Brasil:
g3x Cup 2016. No campeonato em questão, a jogadora vestiu a camisa da
Pichau e, apesar da estreia com derrota para
Team Innova, a atleta e a equipe conseguiram terminar entre os quatro primeiros colocados. Do início da carreira até o momento, napeR teve o previlégio de vestir a camisa de grandes clubes. O primeiro deles foi a
ProGaming e-Sports e com este conseguiu se manter no topo do cenário feminino em boa parte de 2016. Em abril e maio, após derrotas para Innova e Supernova, terminou as edições da
Liga Feminina by
Gamers Club na 3ª colocação. Já de junho a setembro, a jogadora conseguiu subir um degrau na classificação da competição. Também junto a ProGaming, vice-campeonatos em três edições após derrotas para
More Than You - todas por 2 a 0. A quarta segunda colocação seguida aconteceu com napeR vestindo a camisa da
Cube Team e perdendo, novamente, para More Than You, desta vez por 2 a 1. napeR iniciou 2017 pelo
Team Alientech e representando a organização portuguesa conquistou um dos principais títulos da carreira, da edição feminina do
Power Loung Cup. Por esta equipe também, a atleta terminou a seletiva norte-americana para
Intel Challenge Katowice 2017 no Top 3.
napeR na foto pós-titulo da Power Lounge Cup feminino | Foto: Felipe Guerra Por todo 2018, praticamente, napeR foi uma Golden Girl e, com a camisa da
Team oNe, colocou mais títulos no currículo, além de conseguir se manter no topo do cenário feminino. Aquela temporada começou com os vices na seletiva brasileira para o Intel Challenge Katowice e
XLG Summer Female. As conquistas aconteceram nas edições de junho e julho da Liga Feminina após vitórias sobre
BootKamp Gaming e
Isurus, respectivamente. Na competição mensal, napeR também foi vice em março, maio e outubro. Válido mencionar também o fato da jogadora ter finalizado grandes campeonatos presenciais como
Brasil Game Cup Game Experiencie e
GAMECON Challenge no Top 4.
napeR com a camisa da Team oNe na Greenk Tech Show 2018 | Stéfanie Neuman / DRAFT5 Outro fato importante da carreira de napeR é que ela é uma das atletas que pode ser orgulhar em dizer que representou um tradicional clube de futebol no Counter-Strike. De dezembro de 2018 a abril de 2019, a jogadora vestiu a camisa do
Santos, com a trajetória começando por empréstimo e depois se tornando definitiva. A passagem de napeR pelo peixe começou com o título da edição de novembro da Liga Feminina após vitória sobre
Team Wild. Jogadora e equipe venceram a competição outras duas vezes, em janeiro e fevereiro, respectivamente, após triunfos contra Team oNe. Outro importante resultado aconteceu no torneio misto da
Arena Gamer Campus Party 2019, a qual o Santos foi vice ao ser derrotado pelo
Bragantino.
napeR vestindo a camisa do Santos | Arquivo pessoal SONHO REALIZADO!
E foi com outra camisa alvinegra que napeR realizou um objetivo que traçou lá quando começou a competir, que era de competir em presencial internacional. Tudo começou em agosto de 2019, quando a jogadora passou a defender a
INTZ. Neste mês, inclusive e mais uma vez, a atleta conseguiu terminar uma edição da Liga Feminina no Top 4. Dois meses depois a jogadora e as companheiras carimbaram a viagem para a Dubai, nos Emirados Árabes, ao vencerem a seletiva brasileira para o
GIRLGAMER Esports Festival 2019. Neste classificatório, as Intrépidas não tomaram conhecimento das demais adversárias, garantindo a classificação após vitórias sobre
Vivo Keyd e Isurus na fase final, disputada em São Paulo. E lá do outro lado do mundo, napeR representou bem a bandeira do Brasil. A INTZ não foi a campeã, mas voltou de Dubai com a medalha de bronze. As Intrépidas fizeram bons jogos contra alguma das principais equipes do mundo, como
Assassins e
Team Dignitas. Mesmo tendo passado quase um ano da experiência, napeR ainda não acredita que teve a oportunidade de representar o cenário brasileiro em uma importante competição internacional, e por mais que o time não tenha voltado com o título, a jogadora se vê bastante satisfeita pelo o que foi apresentado nos Emirados Árabes.
TURNOVER
O retorno da INTZ ao Brasil foi com um modesto 5°/8° lugar na Liga Feminina válida pelo primeiro trimestre de 2020, mas em outro importante torneio voltado ao cenáo feminino, o
Girl Power Invitational, mas uma aparição no pódio ao terminar na 3ª colocação após derrota para a 9z na decisão do Grupo B. Em uma temporada na qual uma doença enxeu, num todo, o cenário de incertezas, importantes mudanças começaram a aparecer no caminho de napeR. A primeira foi a saída da INTZ para, na sequência, defender a
Soberano, com a qual disputou a primeira
Gamers Club Masters feminina e terminou em 3º lugar. Mas o principal
turnover ainda estava para acontecer. Foi a saída de napeR do time a decisão de seguir um caminho diferente das companheiras, as quais a jogadora considera como uma família.
Tal mudança, de acordo com a própria napeR, foi motivada pela necessidade de sair da zona de conforto. A jogadora percebeu que precisava se reinventar e se desafiar mais uma vez como uma atleta profissional de Counter-Strike. "
Tive que tomar essa decisão de trocar de time porque estávamos vindo de resultados não tão expressivos. Mas isso não é culpa das meninas. É um pouco de cada uma de nós. Como coletivo nós estávamos deixando a desejar e individualmente também. FOi uma decisão que tive que tomar que foi muito dolorido porque elas são como uma família para mim. Foi um monento que achei que eu precisava sair da minha zona de conforto, precisava buscar novos ares, me reinventar e me desafiar mais uma vez".
Foto: Rafael Veiga/DRAFT5 O passo adiante dado por napeR, sem sombra de dúvidas, foi desafidor visto que a jogadora se juntou a um time que joga se comunicando em espanhol, idioma que a profissional não dominava, e também porque precisou jogar de uma forma diferente do habitual. A entrada para a 9z é classificada por napeR como um recomeço de todas as formas, tanto no âmbito pessoal, como também no profissional. Por mais desafiadora tal mudança apareceu na vida da atleta, a recompensa foi no mesmo tamanho visto o vice-campeonato obtido na segunda Gamers Club Masters feminina. Esse resultado obtido naquela que se tornou a principal competição para o cenário feminino foi deverás importante para a carreira de napeR porque serviu para mostrar à jogadora que ela ainda era capaz de jogar de igual para igual contra as melhores do Brasil e que ainda tem muita bala para trocar.
AUTOAVALIAÇÃO
Relembrando tudo o que fez no Counter-Strike em 2020, napeR vê o GIRLGAMER Festival como o torneio no qual melhor se apresentou, mas aponta que no decorrer de 2020 conseguiu mostrar a todos que conseguiu se reinventar. "
A napeR de 2020 termina mais forte psicologicamente, mais preparada para os próximos desafios e sem pressão porque, querendo ou não, a napeR do inicio do ano tinha a pressão de jogar um torneio internacional. E a napeR de hoje não tem mais essa pressão, mas tem a de se reinventar, o que é algo que eu mesmo me cobro. Estou preparada para o que estar por vir". Tudo o que passou na última temporada, de acordo com napeR, serviu para deixar a jogar mais forte psicologicamente e preparada para os desafios que enfrentará em 2021. E surpresa ficou a jogadora ao saber que foi eleita pela
DRAFT5 como uma das 10 melhores no Brasil no ano passado.
A 10ª MELHOR JOGADORA EM 2020
Em 2020 repleto de reviravoltas, napeR deixou sua marca nos campeonatos que passou. No 2° Split da
BGS Esports a jogadora foi eleita pela DRAFT5 uma das EVPs, sendo uma das principais peças da 9z no vice-campeonato tendo conseguido 2.34 de KDR durante a fase de grupos.
Arte por DRAFT5 Bons números também teve na seletiva fechada para a Masters feminina II, a qual não só terminou com a vaga mas também na liderança do KDR com 1.24, e no classificatório aberto para
Grrrrls League, onde conseguiu um KDR de 1.13. Com essas conquistas individuais a jogadora conseguiu um total de 10,2
D5 Points, que foram essenciais para napeR ficar a frente de outros importantes nomes do cenário feminino na disputa pela
décima colocação do prêmio as melhores no Brasil em 2020. A queda de rendimento da INTZ/Soberano desde que retornou de Dubai, com a equipe não conquistando resultados tão expressivos nos torneios que disputou como outrora, acabou impactando nos números individuais de napeR, que ficou ausente das listas de melhores jogadoras de alguns dos principais torneios disputados no país em 2020, o que contribuiu para a jogadora não alcançar uma posição mais alta no Top 10
2021?
Já falando sobre 2021, napeR fala para o público que podem esperar dela muito mais forte psicologicamente, profissional, focada e com muito mais sede de vitória, sendo uma jogadora que vai querer ganhar tudo o que estiver pela frente. Palpitando sobre qual jogadora pode ser uma revelação na próxima temporada, a atleta fala de Luana “Arkynha” Archanjo.