Análise: SK Gaming evolui na Inferno para sobreviver nas finais da Pro League S7

Equipe brasileira se reinventa taticamente e consegue resultados importantes no mapa

Vinda de dois torneios marcados por eliminações precoces, casos de Dreamhack Marseille e, mais recentemente, IEM Sydney, a SK Gaming tem buscado se recuperar e provar a seus adversários que ainda é um nome a ser respeitado no cenário competitivo. A equipe vive uma profusão de mudanças com a saída de Epitácio “Taco” Pessoa e a entrada de Jake "Stewie2K" Yip, passando desde a língua a ser utilizada durante os jogos, a liderança compartilhada entre Gabriel “Fallen” Toledo e Marcelo “coldzera” David, e por último a modificação no já sedimentado sistema do time. Um dos mapas que a equipe nunca pode chamar de seu, a Inferno, já foi selecionado 8 das 41 vezes que o time jogou depois da chegada de Stewie, resultando em vitória em 5 dessas 8 oportunidades. As últimas três partidas do ESL Pro League Season 7 mostraram como a SK pode utilizar o mapa da Inferno, que sobra normalmente em MD1 e MD3, para se consolidar e conseguir bons resultados com sua recente aquisição. O time passou por grande alteração no seu sistema de jogo nesse mapa, promovendo um rearranjo pelo lado CT, que trouxe Fallen de volta para o bomb B ao lado de Stewie2K, reconhecidamente um dos melhores do mundo nessa posição, e cedendo a tão pedida liberdade para que Fernando “fer” Alvarenga pudesse rotacionar livremente entre a nip, xuxa e tapete.
Posicionamento da SK Gaming pelo lado CT
Como Terrorista a equipe mantém Stewie2K aberto na banana, enquanto boltz faz seu tradicional lurk pelo tapete, coldzera e Fallen percorrem o mapa fazendo granadas como suporte para seus jogadores, enquanto fer busca espaço pela nip para conseguir eliminações ou frear rotações.
Posicionamento da SK Gaming pelo lado TR
Como contra-terroristas, uma equipe sólida Como CT o time demonstra consistência, e basta formar uma economia sólida para começar a ter domínio das partidas, entregando poucos rounds e perdendo, na maior parte das vezes, apenas para clutchs. A grande mudança nesse time em relação a B fica por conta de Stewie2K, jogador capaz de proteger o bomb com frieza e precisão seja com o rifle ou a awp. Ele e Fallen alternam o jogador que usará a arma, dependendo da possibilidade de pick agressivo banana, ou da possibilidade de ancorar o bombsite. Normalmente o jogador que assume a awp fica no bomb e libera o companheiro para a rotação, e embora essa função tenha sido exercida mais vezes por Stewie, existem situações em que Fallen fica sozinho no bomb B.

No outro lado do mapa, fer, coldzera e boltz alternam suas posições em função do tipo de agressão apresentada. Em alguns momentos cold é o jogador da nip, principalmente quando está com a awp, mas ele também joga no cemitério cravado tapete quando está está portando a arma. Fer flutua pelas posições como nip, xuxa e tapete, sendo o jogador mais móvel nessa defesa. Nos jogos recentes tem sido dele a responsabilidade de rotacionar B quando necessário, função que alterna com cold caso ele esteja na nip. Boltz continua sendo o mais estático do bomb, jogando da areia ou do tapete ele é o jogador que não realiza rotações.

A equipe apresentou uma série de jogadas muito interessantes, com stacks de granadas, domínios rápidos tanto banana como tapete, e conseguiu, principalmente na partida contra a NIP, começar praticamente todos os rounds CT em vantagem numérica.

Essas agressões foram essenciais para que a SK consolidasse sua economia e pudesse jogar com mais tranquilidade, mesmo tendo tomado um comeback que forçou um overtime contra a NIP. Essa postura só foi possível pelo fato da NIP ser uma equipe que joga de maneira muito espalhada e pouco metódica pelo mapa. Indo para um confronto contra um time com mais procedimentos e duro taticamente, caso da Astralis, a SK optou por fazer defaults, e na única ocasião em que tentou agredir no início do round, foi punida com uma boa combinação de granadas dos dinamarqueses.

Como terroristas, um longo caminho para melhora Como terrorista a SK ainda peca em diversos momentos. A equipe tem utilizado Stewie para suas jogadas rápidas no início do round, algumas classificadas como rushs suicidas, principalmente na região da banana, sendo ele também o homem de frente para a entrada nos bombs. Fallen e Coldzera se postam um pouco mais atrás, com Cold trabalhando nas costas meio, esperando uma possível rotação banana e fazendo o trabalho de vingança após as entradas de seus companheiros.

Ricardo “boltz” Prass faz sua presença ser notada com domínio do tapete e campanário enquanto o resto do time flutua pelo mapa para forçar o uso de granadas por parte dos adversários. Fer continua procurando avançar de forma inteligente para conseguir os frags laterais, ou seja, quando um oponente está concentrado em outro canto do mapa que não o dele.

Sua responsabilidade se estende ainda a abrir caminho pela nip, buscando um ataque em sinergia com boltz, ou simplesmente uma eliminação originada de uma rotação acelerada do lado CT. Essa combinação foi fundamental para marcar os pontos que a equipe conseguiu contra NIP e Optic jogando como terrorista, tendo o bomb A sido explorado diversas vezes, fruto das boas atuações de boltz e fer. Boltz, inclusive, deixou sua marca sendo o jogador com melhores números no jogo contra Optic, tendo feito 25 eliminações, sendo 15 como terrorista, 17 mortes e um rating de 1.34.

Apesar do sucesso de boltz atuando no tapete, a SK só foi capaz de encontrar dois pontos jogando contra um adversário estruturado que não dá chances para primeira eliminações e está sempre atento a possibilidade de um lurker estar atuando. A Astralis dizimou todas as tentativas da SK em conseguir alguma vantagem no início dos rounds e leu facilmente todos os movimentos planejados pelos brasileiros durante a partida. Com uma defesa bem postada, os dinamarqueses não tiraram o olho do tapete com Magisk e Dupreeh, drenando uma das principais jogadas da SK.

Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas contra Optic, Nip e Astralis, a equipe possui na Inferno um mapa de qualidade que pode oferecer segurança em caso de disputa. O time provavelmente irá trabalhar nas estratégias como terrorista para aumentar a imprevisibilidade e fortalecer as jogadas em dupla com velocidade. Dessa forma, podemos prever que a SK dificilmente irá banir Inferno, portanto o mapa deve aparecer novamente no confronto contra a Faze nesta sexta-feira (18). Foto da capa: Arte/Draft5