Agora como coach, cogu fala sobre estar do outro lado: “Minha vontade é pedir licença e jogar”

Treinador da Falkol comentou não ter planos para retornar como jogador e as dificuldades em manter uma line-up

por Abner Bento / 31 de jul de 2019 - 16:08 / Capa: Reprodução/Youtube
Anos depois de escrever a história do CS 1.6 brasileiro, Raphael “cogu” Camargo ainda segue querendo dar sua contribuição ao CS:GO. Após passagens por INTZ, paiN Gaming e Gorilla Core, o lendário awper agora foca suas atenções na comissão técnica da Falkol e-Sports.

Em entrevista exclusiva a DRAFT5 durante a Game XP, o coach da Falkol deu sua opinião sobre as novas ligas brasileiras, se deseja realmente voltar a competir e a possibilidade de uma associação de jogadores. A respeito de sua experiência dentro de jogo, cogu acredita ter muito para contribuir.

"Eu acredito que ainda tenho muita coisa para passar para a molecada, eles são muito baludos hoje em dia, estão chegando muito forte, mas eles pecam em muitos vícios que por não ter tanto experiência acabam surgindo e é onde eu entro. Muitas vezes eu estou ali atrás durante um round e a minha vontade é pedir licença e começar a jogar”, brincou o técnico.

A vontade de cogu porém, esbarra em alguns problemas físicos e na idade do treinador, que inviabilizam qualquer retorno ao cenário como jogador.

"Eu nunca digo nunca (risos), mas estou com 34 anos, estou com uma baita dor no braço que estou cuidando, uma tendinite. Mas estou jogando o tempo todo, nunca parei. Agora voltar a competir é complicado, acho que encerrei mesmo”, admitiu.

Apesar de pouca rodagem como técnico, cogu busca um método mais individual no trabalho com os jogadores, tentando corrigir pequenos detalhes que ele acredita fazer muita diferença.

"Como ainda não fomos para a GH, todo round eu escrevo para cada um dos jogadores o que eu acho eles poderiam ter feito no round, ou pelo menos dou a minha visão. Pode ser que eles não façam da minha maneira, mas pelo menos vou abrir o leque de opções para eles", contou.

Cogu ainda revelou que além de remontar a equipe, que teve baixas recentemente, faz parte do projeto da Falkol evoluir e rumar para o cenário Norte-americano ou europeu.

"O projeto por enquanto é arrumar o que precisa ser arrumado no time e ir para fora, por mais que a gente seja brasileiro, sabemos que os melhores treinos não estão aqui no Brasil, ainda falta muito profissionalismo da parte dos players para isso ser possível", explicou.

Recentemente, a Falkol anunciou sua line-up com Gustavo "GUTO22" Arnoldi, Matheus "fra$an" Fragozo, Felipe "delboNi" Delboni, Caike "caike" Costa e Victor "bld" Junqueira. Dois meses após o anúncio na Falkol, delboNi e bld assinaram com a Imperial e fra com a Evidence, caike foi outro que deixou a organização. Sobre a instabilidade do cenário brasileiro, cogu ressaltou a dificuldade.

“É difícil, a gente monta um time, assisto demos com o jogador, mas passa um tempo e ele é chamado para outro time, ou muda a line-up. Falta muito profissionalismo no cenário brasileiro, quando voltei achei que estaria mais evoluído, claro que melhorou, mas ainda estamos muito atrás do pessoal lá de fora”, completou.

Sobre as ligas recentemente lançadas (Circuito Clutch e CBCS) o treinador afirmou estar feliz pelo aumento das oportunidades, embora tenha algumas restrições com relação às regras da CBCS.

"Acho que estão no caminho certo. Quanto mais eventos é melhor para o cenário. Acho que vai ter uma divisão sim e creio que as duas partes (CBCS e Clutch) vão fazer o máximo para se sair melhor, para mostrar um resultado melhor e é o que todo mundo quer. Eu não concordo com todas as regras da CBCS, existem coisas que devem ser mais maleáveis. Como é a primeira temporada, acho que muita coisa ainda vai mudar. Quem dera na minha época tivéssemos essas ligas”, lembrou o treinador.

Com os recentes problemas envolvendo diversas organizações, incluindo a Black Dragons, muito foi comentado sobre a possibilidade da criação de uma associação de jogadores brasileiros, como ocorre com a CSPPA no cenário internacional.

"Seria bem interessante, porque tem muita coisa que eu gostaria de falar, ter uma voz ativa. Agora eu estou do outro lado, mas durante 20 anos eu estava ali jogando e sei muito o que a gente passou e que eles passam e não é fácil. Então tudo que for para deixar mais justo para os players eu estou dentro", afirmou.

A Falkol segue sem divulgar sua line-up para a sequência da temporada. Oficialmente, apenas GUTO22 segue no elenco juntamente com cogu como coach.

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